Elas

Gravidez após os 35 anos: quais os riscos?

Cada vez mais mulheres dão à luz depois dos 35 anos, quando a gestação passa a ser considerada de risco. Em São Paulo, o número de mulheres nessa idade que se tornaram mães subiu 40% entre 2010 e 2022. Considerando a faixa acima de 40 anos, o aumento foi ainda maior, de 64%.

LEIA TAMBÉM: Pré-natal: saiba o que é essencial para a mãe e o bebê

“São mulheres que estão no auge da carreira, da saúde, e hoje podemos dizer que uma gestação aos 40 anos é relativamente tranquila. Quando a pessoa avança para os 45 ou 47, aí já é mais complicado”, diz a médica Ana Paula Beck, ginecologista e obstetra do Hospital Israelita Albert Einstein. Mas quais os riscos associados à gestação nessa idade e como contorná-los?

Publicidade

Concepção

O primeiro risco está na própria concepção. Quanto mais velha a mulher, mais velhos os óvulos que ela possui, o que pode contribuir para abortos espontâneos e aumentar o risco de o bebê ter uma cromossomopatia, como síndrome de Down.

Segundo Ana Paula, a chance de uma mulher na faixa de 20 anos ter um bebê com uma alteração genética desse tipo é de 1 para cada 10 mil. Aos 40, entretanto, o índice sobe para 1 a cada 100 “É um risco que não temos como evitar ou mudar”, afirma. Por isso, muitas mulheres optam por congelar os óvulos para que ainda estejam jovens na fecundação.

LEIA TAMBÉM: Diabetes gestacional: especialista explica a doença e os pontos de atenção

Publicidade

O método funciona e está crescendo no Brasil, mas é caro, podendo chegar a R$ 30 mil. Para aquelas que não têm condições de arcar com esse tipo de procedimento, o melhor a fazer é antecipar o acompanhamento médico.

Eduardo Cordioli, especialista em partos de risco e diretor médico de Obstetrícia do Grupo Santa Joana, afirma que atende muitas pacientes que engravidaram sem ajuda, mas que tiveram uma gestação planejada – atualmente, a média de idade das mães de primeiro filho no Santa Joana é de 34 anos.

Ele explica que é preciso haver um acompanhamento mais de perto em gestações tardias e, se possível, iniciar os cuidados antes da concepção. “Se engravidar acima de 35 anos sem nenhuma doença crônica, fazendo consultas pré-concepcionais e tendo se preparado para a gravidez, a chance de complicação diminui”, diz

Publicidade

Gestação

O risco de perdas durante a gestação também está ligado à idade: o útero é um órgão muscular e com o passar do tempo tem maior dificuldade de ‘segurar’ o feto. Além disso, os vasos sanguíneos que irrigam a região podem já estar enrijecidos (um processo natural do envelhecimento) e ter acumulado placas de gordura, atrapalhando a oxigenação do bebê.

Outros possíveis problemas são o diabetes e a hipertensão, mais frequentes em idades mais avançadas. “Mesmo em gestantes que não têm doença nenhuma, há maior ocorrência de distúrbios relacionados à gestação, como pré-eclampsia, diabetes gestacional, parto prematuro, diminuição no crescimento do bebê e má formação fetal, por exemplo, em mulheres mais velhas”, afirma Cordioli.

Por isso o pré-natal, fundamental não importa a idade da gestante, pode ter consultas mais frequentes a partir dos 35 anos. Conforme o médico, há uma espécie de cálculo para estimar o risco da gestação – no qual a idade é apenas um dos fatores – e a depender dessa avaliação o especialista define um padrão diferente para a paciente.

Publicidade

LEIA TAMBÉM: Diabetes em gestantes afeta 18% das grávidas brasileiras; veja cuidados

Mesmo após o nascimento do bebê, com tudo ocorrendo bem, Cordioli destaca que a obstetrícia moderna tem um conceito de “quarto trimestre”, considerando os três primeiros meses logo após o parto, em que é preciso manter a atenção.

“Hoje sabemos que mulheres que apresentaram durante a gestação doenças como eclâmpsia ou pré-eclâmpsia e disfunção de crescimento (do bebê) têm maiores chances de terem doenças vasculares no futuro, principalmente enfarte e derrame”, sinaliza.

Publicidade

O que fazer?

A dica do médico é: ao começar a pensar em engravidar, procurar um profissional especializado. Hábitos saudáveis, como boa alimentação, prática de atividades físicas, não fumar e não consumir bebida alcoólica, costumam ser muito úteis para a concepção – para não dizer durante a gestação e em qualquer outro momento da vida.

As consultas iniciais permitirão avaliar ainda a necessidade e a quantidade de suplementação com ácido fólico, cálcio e vitaminas, bem como verificar a possibilidade de medicamentos que controlem a hipertensão, por exemplo.

“O que mais vejo no consultório é a questão do trauma: muitos pais tentam uma vez, engravidam, mas perdem. Daí, sem conseguir lidar direito com o luto, acabam desistindo de tentar de novo, mas é preciso perseverança”, aconselha a obstetra.

“Eu só alerto para pensarem em quantos (filhos) vão ter. Se a pessoa quiser mais de um, com certa diferença de idade, melhor adiantar o primeiro para que o segundo não seja tão tarde e acabe sendo mais complicado”, acrescenta Cordioli.

LEIA AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS DO PORTAL GAZ

Chegou a newsletter do Gaz! 🤩 Tudo que você precisa saber direto no seu e-mail. Conteúdo exclusivo e confiável sobre Santa Cruz e região. É gratuito. Inscreva-se agora no link » cutt.ly/newsletter-do-Gaz 💙

Carina Weber

Carina Hörbe Weber, de 37 anos, é natural de Cachoeira do Sul. É formada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e mestre em Desenvolvimento Regional pela mesma instituição. Iniciou carreira profissional em Cachoeira do Sul com experiência em assessoria de comunicação em um clube da cidade e na produção e apresentação de programas em emissora de rádio local, durante a graduação. Após formada, se dedicou à Academia por dois anos em curso de Mestrado como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Teve a oportunidade de exercitar a docência em estágio proporcionado pelo curso. Após a conclusão do Mestrado retornou ao mercado de trabalho. Por dez anos atuou como assessora de comunicação em uma organização sindical. No ofício desempenhou várias funções, dentre elas: produção de textos, apresentação e produção de programa de rádio, produção de textos e alimentação de conteúdo de site institucional, protocolos e comunicação interna. Há dois anos trabalha como repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, tendo a oportunidade de produzir e apresentar programa em vídeo diário.

Share
Published by
Carina Weber

This website uses cookies.