As condições climáticas adversas seguem provocando danos e prejuízos aos produtores de fumo no Sul do Brasil. O último levantamento feito pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) mostra que, entre os dias 11 e 15 de novembro, foram mais de 450 notificações de granizo em lavouras de tabaco na microrregião de Santa Cruz do Sul. Desde o início da safra, em julho, até agora, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná somam mais de 21 mil avisos emitidos pelos agricultores, um dado muito superior ao registrado no mesmo período do ano passado e que deve continuar aumentando.
De acordo com o gerente de Pesquisa e Estatística da Afubra, Alexandre Paloschi, os números assustam em função da data. “Essa é uma quantidade que costumamos ter em fim de dezembro ou início de janeiro”, observa. Para se ter uma ideia do tamanho da discrepância, basta analisar o total de avisos emitidos pelas 18 microrregiões produtoras na Região Sul. No período entre 1º de julho e 15 de novembro de 2022, foram 5.926, enquanto nesse mesmo recorte em 2023, a soma é de 21.248 ocorrências.
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O aumento de 258% já é surpreendente, mas pode piorar. Paloschi salienta que tanto a matriz como as regionais seguem em contato com os produtores. “É um ano muito complicado, o clima não está colaborando, sobretudo no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.” Enfatiza, contudo, que a Afubra está conseguindo atender aos chamados dentro de um prazo máximo de sete dias. “Temos colegas aqui com 45 anos de trabalho que nunca viram uma situação como essa entre julho e meados de novembro.”
Quem transita pelas estradas e rodovias nas regiões produtoras não demora a perceber o quanto o tabaco sofre com o excesso de chuva e a falta de sol. Alexandre Paloschi explica que a cultura prefere o tempo seco, como pôde ser visto na safra passada, quando, mesmo com a estiagem que assolou o Rio Grande do Sul, os fumicultores conseguiram uma colheita de boa qualidade e retorno financeiro satisfatório. “Com muita umidade, a planta não consegue criar raízes e buscar os nutrientes no solo, então as folhas ficam finas e amareladas.”
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O gerente ressalta, contudo, que ainda é cedo para se falar em quebra na produção ou perdas, tendo em vista as diferenças entre plantio e colheita entre regiões. “No Litoral já estão ‘pelando’ as lavouras, enquanto na parte alta de Santa Cruz o tabaco tem apenas 60 dias de plantio”, observa.
Na propriedade da família Schroeder, localizada em Linha do Rio, no interior de Candelária, o granizo começou por volta das 11 horas de quarta-feira. Naquele horário, Danqueli, o marido e o pai trabalhavam na lavoura e precisaram se abrigar. Com duração aproximada de dez minutos, a chuva de granizo destruiu 130 mil dos 200 mil pés de tabaco plantados. Os demais também foram afetados, mas com menor gravidade. “Já fomos atingidos várias vezes, mas nunca com esse grau de extensão e destruição”, revela Danqueli. Eles possuem seguro.
Os números por região
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