O presidente Michel Temer convocou reunião do núcleo institucional do governo para hoje. O objetivo é tratar da crise do sistema prisional do País e em especial do massacre ocorrido no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus.
Nos últimos dias, aumentou a pressão para que o presidente se manifestasse acerca do caso que teve repercussão mundial. A reunião contará com a participação de representantes da Casa Civil, dos ministérios da Justiça, Defesa, Relações Exteriores, Planejamento e Transparência, além de integrantes da Advocacia Geral da União (AGU), do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e da Polícia Federal.
A estratégia é ressaltar que o massacre de Manaus não ocorreu em razão de uma possível omissão do governo federal. Seguindo essa orientação, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, deu declarações nesse sentido ontem, após visitar o Compaj. De acordo com o ministro, o governo do Amazonas tinha a informação da possibilidade de fugas entre o Natal e o Ano-Novo nos presídios do estado e não pediu auxílio ao governo federal.
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“Eu não tenho dúvidas em afirmar que houve falha de quem toma conta da penitenciária. Porque, senão, não teriam entrado facão, armamento pesado, bebida, celular. Agora, estender isso a outras autoridades, só se houver prova”, disse. O ministro afirmou que só uma série de erros pode levar a uma tragédia semelhante. Dentre eles, ele destacou a permissão de visitas nas festas de Réveillon do presídio.
STF monitora o caso
O ministro da Justiça foi no Supremo Tribunal Federal ontem para uma reunião com a presidente do STF e do CNJ, Cármen Lúcia. O objetivo era discutir medidas que possam ajudar no contexto de crise do sistema prisional. Moraes afirma ter passado informações sobre o caso do Amazonas para a ministra, que viajará a Manaus hoje de manhã para uma reunião com os presidentes de Tribunal de Justiça dos estados do Norte, do Maranhão e do Rio Grande do Norte – áreas onde atua a facção Família do Norte, uma das responsáveis por liderar os conflitos entre os detentos.
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Estados vão ter R$ 1,8 bilhão para melhorar penitenciárias
Após liberar R$ 1,2 bilhão aos estados, no final de 2016, para construção de presídios e modernizar o sistema penal, o governo federal ainda tem R$ 2,4 bilhões no Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) para lhes repassar. A informação consta no site da organização não governamental Contas Abertas.
Segundo o Ministério da Justiça, o último repasse, em dezembro, foi “o maior da história para essa finalidade” e o órgão informou que um novo depósito, de R$ 1,8 bilhão, está previsto para o primeiro semestre de 2017.
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“Cada estado já recebeu R$ 47,7 milhões, sendo cerca de R$ 32 milhões para a construção de novos presídios, sem necessidade de contrapartida, e o restante para equipamentos e outros gastos”, disse o ministério, em nota.
Com isso, o governo federal prevê repassar, até o final de junho deste ano, R$ 3 bilhões para reformar e modernizar o sistema penitenciário brasileiro. O valor previsto em 2017 é 837 vezes maior do que o dos últimos dois anos. Foram liberados R$ 202 milhões em 2014 e, em 2015, R$ 156 milhões. (ABr)
Massacre
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Uma guerra entre facções criminosas resultou na morte de 56 presos em Manaus. Boa parte deles foi decapitada, esquartejada e carbonizada no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj). Os ataques começaram na tarde de domingo e duraram 15 horas.
É a maior matança em prisões do País após o Massacre do Carandiru, que deixou 111 mortos em 1992. Relatório produzido pelo Ministério da Justiça, por meio do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT), já apontava, em dezembro de 2015, que os presos se autogovernam nos presídios amazonenses e a ação da administração penitenciária no estado seria muito limitada e omissa diante da atuação de facções criminosas. O documento menciona forte disputa entre grupos rivais ligados ao tráfico. (AE)
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