O Parque da Expoagro Afubra, em Rio Pardo, foi palco para um alerta, em especial ao governo federal. Milhares de produtores rurais participaram, na sexta-feira, 19, do segundo encontro do movimento SOS Agro RS e destacaram, pelo menos, duas demandas que esperam ser atendidas pela União.
Em um dos momentos de euforia do público, o governador Eduardo Leite disse “basta” ao que chama deslealdade federativa – termo usado para mostrar que o Palácio do Planalto oferece benefícios fiscais para outras regiões e não efetiva o que teria sido anunciado como suporte para o momento de calamidade vivido pelo Estado.
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A mobilização, que conta com apoio da Fetag e Farsul, além de sindicatos rurais, surgiu a partir da percepção de produtores de que era preciso mais apoio para o setor. Atualmente, diz uma das coordenadoras, Grasiele de Camargo, são cerca de 7 mil inscritos em uma comunidade de WhatsApp. “Nosso movimento tem um propósito que é fazer com que o produtor permaneça na atividade rural”, afirma.
Grasiele reforça que um encontro com os ministros ligados ao setor primário resultou na afirmativa de que, até o dia 30, o governo federal deve anunciar uma medida provisória direcionada ao meio rural. Explica que eles têm trabalhado com duas demandas: a securitização das dívidas em 15 anos, com dois de carência e juros de 3%; e anistia e ajuda de custo por seis meses para produtores que perderam tudo e irão abandonar o setor.
Suinocultor de Arroio do Meio, no Vale do Taquari, Telmo Henckes é um exemplo de quem teve grande prejuízo. Dos 971 suínos da sua propriedade, sobraram 105. ”Dez dias depois de iniciar a cheia, encontramos 11 suínos em cima da casa, sendo nove vivos e dois mortos”, relembra. Ele diz entender que os governantes não são culpados pelas enchentes, mas são responsáveis pela demora no repasse dos recursos. Cita como exemplo o fato de que os alimentos para os animais, em decorrência do fenômeno climático registrado em setembro, ainda não chegaram. “São oito meses. Qual a vaca que vai aguentar oito meses para comer?”, alertou. Henckes ainda trouxe um assunto que merece a atenção das autoridades: a saúde mental dos agricultores.
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O governador Eduardo Leite fez um discurso forte de cobrança em relação aos anúncios do governo federal. Disse ser conciliador, mas que isso não pode ser confundido com falta de firmeza. “Basta do jeito que estão tratando o povo gaúcho”, bradou.
Referiu-se ao fato de que o Rio Grande do Sul injetou R$ 107 bilhões na economia federal, mas recebeu R$ 50 bilhões. Acrescentou à crítica a criação de benefícios como o fundo constitucional, que encaminha recursos e benefícios para o Nordeste, o Norte e o Centro-Oeste. “Se não nos dão o que dão para os outros, parem de tirar o que é nosso”, disse.
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Além da questão do pacto federativo, que define o destino dos recursos que chegam a Brasília, Leite criticou a forma como o Estado é tratado no momento de calamidade, em razão dos eventos climáticos de abril e maio. Do que teria sido apresentado pela União como suporte aos gaúchos, menos de 20% já foi pago, segundo o governador. “Pior do que não dar é a propaganda tentando nos convencer de que estão fazendo muito”, apontou.
Citou exemplos positivos, como os R$ 50 milhões destinados pelo governo do Mato Grosso, que serão encaminhados ao agronegócio. E resumiu seu pensamento: “Não queremos só migalhas, nem menos do que é de direito”.
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