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Gols de letra no campo e na vida

A fase dos preparativos para as competições de 2016 chegava ao fim e numa tarde ensolarada de verão o treinador do Grêmio, Roger Machado, reservou espaço em sua agenda para a Gazeta do Sul. Porém, como previamente proposto, o tema da entrevista, no Centro de Treinamentos às margens da free-way, entrada norte de Porto Alegre (com a Arena erguendo-se do outro lado da rodovia), não seria futebol. Um simpático Roger recebeu a reportagem, juntamente com o assessor de imprensa João Paulo Fontoura, o JP, para falar de outro assunto, não muito convencional em ambiente de boleiros, mas que é uma de suas declaradas paixões: a leitura.

O próprio Roger, após meia hora de conversa animada (e sem acréscimos, por conta da rígida organização do treinador), sintetizou seu ponto de vista sobre o assunto: “Quem diria! Uma entrevista em que não falei de futebol”, observou, com sorriso. E por mais que o hoje respeitado técnico pudesse abordar os planos para o ano (por exemplo, na Libertadores, então na iminência de começar), ficou mais do que claro que esse duplo interesse, livros e literatura, é uma grande predileção sua.

Em mais de uma ocasião, seu gosto por leitura havia sido mencionado, ainda que de passagem, em entrevistas concedidas para diferentes mídias. Sim, ele gostava de ler em ambiente de concentração (repare que palavra mais a propósito ou mais em sintonia com quem adora ler). Sim, gostava de ler de tudo. Sim, outros jogadores do grupo já estavam se deixando influenciar por sua rotina de leitor.

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O bate-papo evidenciou que Roger, porto-alegrense de 40 anos (por sinal, aniversaria nesta segunda), não chegava a alimentar maior interesse por leitura quando adolescente. Antes de se tornar profissional, no próprio Grêmio, em 1994, sob o comando de Felipão, atuara nas categorias de base do clube. Nas saídas para treinos ou nas constantes viagens para jogos longe da capital, sua irmã, professora de Português, costumava, discretamente, colocar um livro em sua bagagem. “Eu sempre reclamava. Dizia: tu sabe que não vou ler. Não gosto. Para que vou carregar isso?”, recorda. “Ela respondia que não fazia mal que não gostasse. Que apenas levasse o livro comigo, algum romance que ela escolhia. Uma hora, na concentração ou em esperas no aeroporto, poderia não ter com que me ocupar, e poderia folhear o exemplar. Não deu outra.”

Do primeiro para livros seguintes, pouco a pouco Roger foi tomando entusiasmo pessoal pela leitura, e se encorajando a buscar novos gêneros e a expandir a curiosidade para diferentes autores e temas. Hoje, tudo lhe interessa e tudo lhe chama a atenção. “Realmente devo o hábito da leitura à persistência da minha irmã”, frisa. Já nem lembra que título ou autor, lá no princípio, teria sido o que o cativou. Com o tempo, foi encontrando gosto especial em obras sobre comportamento e liderança de pessoas, bem como táticas, técnicas e reflexões na área do esporte. O livro Inteligência emocional, do psicólogo, escritor e consultor norte-americano Daniel Goleman, é citado como um dos que mais o marcou. Tanto que, recentemente, providenciou o novo livro de Goleman: Foco.

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