“Série de sons produzidos por meios-tons, sejam ascendentes, sejam descendentes; escala cromática”. É assim que boa parte dos dicionários explica o significado de “cromático”, base sonora muitas vezes de difícil compreensão, mas na qual a compositora paulista Giovanna Moraes encontrou seu principal espaço de expressão musical. Foi brincando com esses meios-tons que ela criou seu disco de estreia, Àchromatics, lançado na última sexta-feira (30 de Março) em todas as plataformas digitais.
“Sons distópicos sempre foram minha praia: melodias suspensas que torturam, porém emocionam”, explica Giovanna sobre sua escolha artística. “Conectando as notas de meio em meio tom, tudo é possível, não existem regras ou limitações tonais. Não existe essa história de certo ou errado, só existe o percurso e as explorações emocionais que ligam um momento ao próximo, nessa grande espiral que é a vida”, reflete a compositora.
Ainda sobre seu processo criativo, Giovanna reforça a relação pessoal que mantém com suas letras, sempre se movimentando de acordo com suas próprias lembranças. “Eu componho quase a minha vida inteira. Cada dia uma nova versão. Muitos dos temas deste álbum tem raízes que voltam aos meus 12 anos”, prossegue ela. “Para mim a música é uma coisa plástica – que nem uma memória – cada vez que contamos, re-escrevemos parte dessa história. Não deixa de ser verdade – só mudamos o que é mais saliente dependendo de quem somos naquele momento”.
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Produzido ao longo de 2017 por Thommy Tannus (Tannus Estúdio) em São Paulo (SP), Àchromatics teve como banda de apoio os músicos Renato Lellis (bateria), Lucas Cornetta (baixo) e Thommy Tannus (guitarra). O guitarrista Gustavo Manzan faz uma participação especial na faixa “Such Perfection”. “As composições são todas minhas, mas nas versões do disco, veio muito dos meninos também”, completa Giovanna sobre o desenvolvimento da gravação. “Eu nunca havia tocado com banda antes, muito menos com músicos tão incríveis. Eles me ajudaram muito, mergulharam no meu mundo e trouxeram ideias que eu, na época, nem saberia como explicar.”
Estudiosa e aplicada – Giovanna é graduada em Neurociência Cognitiva e Artes Literárias -, a artista fez de Àchromatics mais que uma obra de estreia: além das 10 faixas autorais, o projeto inclui um conto de realismo fantástico escrito também por ela, que traz nas aventuras do protagonista Tim uma metáfora da viagem que cada um de nós pode fazer para dentro de nós mesmos.
Influenciada por diferentes clássicos e estilos: Sgt. Pepper’s Lonley Hearts Club Band (The Beatles), The Idler Wheel (Fiona Apple), Make a Jazz Noise Here (Frank Zappa), Pet Sounds (The Beach Boys), Emily’s D+ Evolution (Esperanza Spalding), Live at Mister Kelly’s (Ella Fitzgerald) e Estudando o Samba (Tom Zé), Giovanna tira de suas referências tudo que pode lhe servir para expandir a realidade à sua volta.
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