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Gilberto Jasper: “Tudo outra vez”

Redijo esta crônica na quinta-feira, 2, por volta das 15 horas. Na noite anterior, tinha enviado um texto com antecedência, como sempre faço, mas o tema ficou fora do contexto para a situação grave que o Estado enfrenta. Apesar do nome original de “Província de São Pedro”, o Rio Grande do Sul não tem sido beneficiado por seu patrono. É a terceira enchente severa no período de sete meses. De lá para cá, pouco foi feito de concreto.

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O poder público – municipal, estadual e federal –, este mastodonte pesado, lerdo e altamente deficitário, foi incapaz de entregar uma só casa no Vale do Taquari, a região mais atingida. As poucas residências entregues há poucos dias no Vale do Taquari foram erguidas como resultado de um mutirão promovido pelo Sindicato da Construção Civil do Rio Grande do Sul. Ou seja, a iniciativa privada e empreendedores, por vezes tão demonizados por setores do governo federal, arregaçaram as mangas. Organizaram-se e deram exemplo de como fazer acontecer para entregar resultados concretos.

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A enchente desta semana foi diferente das tragédias ocorridas em setembro e novembro de 2023. Inicialmente – terça, 30, e quarta-feira, 1º –, tivemos deslizamentos em profusão. É algo, se não inédito, pouco comum em temporadas de enxurradas como estamos acostumados a ver. Imagens impressionantes mostravam morros e barrancos desmanchando-se como sorvete ao sol. Vidas foram perdidas, patrimônios arrasados, famílias despedaçadas por encostas inseguras e residências erguidas em locais não recomendáveis.

Nessa quinta, acordamos com a proliferação de notícias revelando a invasão das águas de inúmeros rios. Água proveniente de dias seguidos de fortes pancadas de chuva, trovões, raios e muito vento. Neste quadro grave, somente as regiões Norte e Nordeste do Estado foram poupadas, mas à tarde a chuva atingiu Passo Fundo, Erechim e outros municípios. Durante todo o dia, foi difícil encontrar palavras para definir o que vídeos, fotos e noticiários de televisão exibiam ininterruptamente. Parecia que estávamos assistindo àqueles filmes absurdos, do tipo em que aparecem vacas, prédios e caminhões voando.

Por volta das 14 horas dessa quinta, foi confirmado o rompimento parcial de uma barragem localizada entre os municípios de Cotiporã e Bento Gonçalves. A notícia causou um grande alvoroço. Seguiram-se reações de pavor diante da informação de que o aumento do nível do Rio Taquari poderia alcançar seis metros. No meio de tudo isso, milhares de gaúchos, desesperados e atônitos, eram vistos sobre telhados e pontos mais altos de prédios urbanos. Agarrados a cônjuges, filhos e animais de estimação, suplicavam resgate aéreo. O mau tempo e a falta de aeronaves aumentam o terror de que à noite a situação ia piorar. E muito.

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Termino esta crônica rezando, torcendo e esperando que, pela enésima vez, a tragédia sirva para ações concretas e eficazes. Chega de discursos, promessas, fotos e revoada de comitivas oficiais. Queremos ações!

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Paula Appolinario

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Paula Appolinario

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