“Tribunal da internet” é uma expressão cada vez mais atual. Trata-se do hábito que usuários da rede mundial de computadores adotam para julgar qualquer atitude. Mas esse julgamento é sempre vinculado ao comportamento das outras pessoas.
Este “júri sumário” nem sempre é realizado tendo como base os princípios morais e valores do “carrasco de plantão”. O que pauta esse procedimento é condenar em praça pública quem destoa da onda, da opinião majoritária que nem sempre corresponde à realidade. Aliás, há um ditado que reza: “Nem sempre a opinião publicada reflete a opinião pública”. Temerosos e sem personalidade, evitam o confronto de argumentos contrários com medo de virar alvo. O “tribunal” é um procedimento injusto porque, entre outras premissas, os “réus” não têm direito à defesa e muito menos à réplica.
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A influência das redes sociais mundo afora impôs procedimentos que nem sempre representam a real vontade dos internautas. Muitos até discordam de algumas atitudes dos “influenciadores”, mas se submetem ao “efeito manada” que consiste em apenas copiar o que a maioria faz. O medo de ser “cancelado” nas redes sociais é maior que a coerência de atitudes.
Amigos e filhos criticam minha ausência das redes sociais, limitadas ao uso do X (ex-Twitter) e WhatsApp, basicamente para uso profissional. Eles consideram inadmissível um comunicador omitir-se nesse palco da vida moderna. Costumo argumentar que não considero a minha vida tão interessante a ponto de merecer divulgação. E que a privacidade vale mais que cinco minutos (ou segundos?) de fama duvidosa. Depois de se expor não adianta reclamar da invasão alheia em nossa vida particular, certo?
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Recentemente li um interessante artigo, sob o título “O tribunal da internet”, de Luciano Mattuella, psicanalista, doutor em Filosofia e membro da Associação Psicanalítica de Porto Alegre. “Muitas vezes não hesitamos em nos tornarmos a instância julgadora do outro. Colocar-se como tribunal alheio, fazendo do outro réu, dá uma folga para a nossa própria culpabilização”, escreveu.
A internet é cruel em demasia. O sadismo proporcionado pelo hábito em criticar, perseguir, ofender e julgar, por exemplo, as celebridades, visa apenas conquistar uma notoriedade fugaz e vulgar. “Nestes casos há o prazer complementar de julgarmos aqueles que, por sua riqueza ou fama, além de admiração, também nos provocam inveja”, escreve Luciano Mattuella.
Quantas biografias já foram destruídas pelo “tribunal da internet”? Quantos ídolos foram “fabricados” e desmascarados pelo tempo? Em tempos de redes sociais onipresentes, o humanismo é demodê. Ser gentil e tolerante é brega. O que “bomba” é a ostentação e o consumismo.
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