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Gilberto Jasper: “O tribunal da internet”

“Tribunal da internet” é uma expressão cada vez mais atual. Trata-se do hábito que usuários da rede mundial de computadores adotam para julgar qualquer atitude. Mas esse julgamento é sempre vinculado ao comportamento das outras pessoas.

Este “júri sumário” nem sempre é realizado tendo como base os princípios morais e valores do “carrasco de plantão”. O que pauta esse procedimento é condenar em praça pública quem destoa da onda, da opinião majoritária que nem sempre corresponde à realidade. Aliás, há um ditado que reza: “Nem sempre a opinião publicada reflete a opinião pública”. Temerosos e sem personalidade, evitam o confronto de argumentos contrários com medo de virar alvo. O “tribunal” é um procedimento injusto porque, entre outras premissas, os “réus” não têm direito à defesa e muito menos à réplica.

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A influência das redes sociais mundo afora impôs procedimentos que nem sempre representam a real vontade dos internautas. Muitos até discordam de algumas atitudes dos “influenciadores”, mas se submetem ao “efeito manada” que consiste em apenas copiar o que a maioria faz. O medo de ser “cancelado” nas redes sociais é maior que a coerência de atitudes.

Amigos e filhos criticam minha ausência das redes sociais, limitadas ao uso do X (ex-Twitter) e WhatsApp, basicamente para uso profissional. Eles consideram inadmissível um comunicador omitir-se nesse palco da vida moderna. Costumo argumentar que não considero a minha vida tão interessante a ponto de merecer divulgação. E que a privacidade vale mais que cinco minutos (ou segundos?) de fama duvidosa. Depois de se expor não adianta reclamar da invasão alheia em nossa vida particular, certo?

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Recentemente li um interessante artigo, sob o título “O tribunal da internet”, de Luciano Mattuella, psicanalista, doutor em Filosofia e membro da Associação Psicanalítica de Porto Alegre. “Muitas vezes não hesitamos em nos tornarmos a instância julgadora do outro. Colocar-se como tribunal alheio, fazendo do outro réu, dá uma folga para a nossa própria culpabilização”, escreveu.

A internet é cruel em demasia. O sadismo proporcionado pelo hábito em criticar, perseguir, ofender e julgar, por exemplo, as celebridades, visa apenas conquistar uma notoriedade fugaz e vulgar. “Nestes casos há o prazer complementar de julgarmos aqueles que, por sua riqueza ou fama, além de admiração, também nos provocam inveja”, escreve Luciano Mattuella.

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Quantas biografias já foram destruídas pelo “tribunal da internet”? Quantos ídolos foram “fabricados” e desmascarados pelo tempo? Em tempos de redes sociais onipresentes, o humanismo é demodê. Ser gentil e tolerante é brega. O que “bomba” é a ostentação e o consumismo.

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