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Gilberto Jasper: “A tia chata”

Em mais de 40 anos de jornalismo, convivi com muitas autoridades. Nestes anos todos também fui comandado por inúmeros chefes em mais de uma dezena de empregos. Depois de tanto tempo, pela primeira vez hoje sou um gestor. Estou responsável por um grupo de 15 pessoas de quem preciso estabelecer e cobrar metas, controlar horários, atribuir frequência e buscar preservar o ambiente de trabalho.

Entre tantas novas atribuições, tenho a responsabilidade de conduzir uma equipe de estagiários. Trata-se de uma função que em outros empregos eu cumpria de maneira informal e espontânea. Para mim sempre foi uma atividade gratificante porque permite passar aspectos da minha experiência, além de aprender com eles a cada dia. Na questão tecnológica, por exemplo, sou dependente da gurizada que me rodeia.

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Além disso, o cotidiano permite conhecer a opinião desta nova geração de profissionais, observar o potencial, estimular talentos. Logo na reunião de apresentação ao grupo, enfatizei que aprendi muito com ”chefes ruins”.

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Ficou evidente a reação de estranheza com essa afirmação. Mas ao longo dessas inúmeras experiências, perdi a conta de ter convivido com superiores que não tinham a mínima noção de princípios básicos para a função, como liderança, solidariedade, paciência, bom senso.

Ao assessorar autoridades dos três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário – aprendi outros atributos. Descobri que um dos defeitos recorrentes das chefias é a resistência em conviver com assessores que, apesar de serem competentes, são ao mesmo tempo sinceros.

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Principalmente em política, mas também em outros ambientes de trabalho, é raro encontrar líderes preparados para dialogar sem restrição com subordinados sinceros. Essa dificuldade, quando não aprendida com o tempo, quase sempre resulta em carreiras promissoras, mas abreviadas pela proliferação de bajuladores.

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Os conhecidos ”puxa-sacos” estão em toda parte. A única preocupação dessa gente é manter o emprego, “se dar bem”, fazer o que for preciso para garantir o espaço e o contracheque. Nem que, para isso, seja preciso “puxar o tapete” de colegas de trabalho.

Sinceridade é um atributo que, a exemplo de qualquer medicamento, precisa ser usado com parcimônia. O emprego exige a observância de regras básicas de convivência, como escolher hora e local para “dizer as verdades”.

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Do contrário, observa-se o que popularmente é chamado como ”sincericídio”, ou seja: a verdade proferida fora de hora, causando constrangimento e por vezes colocando em xeque a autoridade de algum superior.

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É difícil admitir que a hipocrisia viabiliza a convivência social. Afinal, desde pequenos somos ensinados a falar a verdade. Até a chegada daquela tia chata que nossas mães tanto criticam.

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