Era final da década de 1980. Sônia e o marido Cleomar Lima decidiram preparar uma surpresa para o filho Julian, então com 3 para 4 anos. A intenção era proporcionar um Natal especial ao primogênito. O resultado foi uma cena que ainda hoje é lembrada com carinho pela família.
O período era de dificuldades. O jovem casal morava em um pequeno chalé no Bairro Senai junto ao terreno dos pais do eletricista Cleomar. Por mais modesta que fosse a celebração e por mais limitados que fossem os recursos, eles planejaram tudo, juntaram dinheiro e conversaram com um vizinho, o seu Zé, que costumava deixar a barba crescer e se vestia de vermelho para alegrar a criançada da comunidade na noite de 24 de dezembro. O objetivo era mostrar para o menino um pouco da magia que ele ouvia a mãe narrar em suas histórias. Embora pequeno, Julian já sabia que o indivíduo de barba branca costumava distribuir presentes para as crianças. Mas não era só isso. Sônia falava a respeito dos símbolos que enfeitavam a casa, como a árvore decorada com bolinhas coloridas.
Para Sônia e Cleomar, os dias que antecederam as comemorações foram de preparativos. Além de arrumar a casa, eles, como todos os pais costumam fazer, explicavam para o garotinho que, se ele se comportasse, receberia a visita do Papai Noel. O clima de expectativa estava formado. A véspera do grande momento foi de planos entre o casal. Eles queriam que tudo saísse como programado. Afinal, era a primeira vez que organizariam um acontecimento com tamanhas proporções.
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Enfim, quando chegou o momento tão esperado, lá estava o Bom Velhinho com os presentes: a piscina de mil litros que o menino tanto sonhava e alguns brinquedos menores. “Foi uma noite muito especial. Todos ficaram encantados com o Papai Noel. Nos preparamos tanto para proporcionar um momento lindo, pois não era fácil comprar um presente naquela época. Mas sabíamos que era importante marcar aquela data”, recorda Sônia, que hoje trabalha como agente comunitária de saúde.
Tudo estava correndo bem até que chegou a hora da despedida. Com as vestes vermelhas e um grande saco recheado de presentes, Papai Noel chamou a atenção dos cães da vizinhança e por pouco não foi atacado. Vendo a cena, Julian teve a reação que marcou a noite, recorda a mãe. “Ele começou a chorar e pedir que salvassem o Papai Noel dos cachorros, pois senão ele jamais voltaria a visitá-lo”, emociona-se Sônia diante do gesto de altruísmo de Julian, hoje com 35 anos. Além da preocupação com a segurança daquela figura tão importante, a sensibilidade do filho fez o casal perceber que todas as histórias e lições sobre solidariedade, respeito e compaixão tinham valido a pena. Os mesmos ensinamentos, que para Sônia representam a essência do Natal, foram transmitidos quando chegou a caçula Bruna.
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Motivo de orgulho para os pais, Julian e Bruna cresceram sabendo que Natal é mais do que presente. É também de união e celebração em torno da vida. Por mais que o tempo tenha passado e as crianças tenham crescido, hoje o sentimento que prevalece na morada dos Lima é de orgulho e boas lembranças. O primeiro é fruto da dedicação dos filhos, que superaram desafios e estudaram – Julian é formado em Administração e tem mestrado na área, Bruna cursou Biomedicina e ambos trabalham na Universidade de Santa Cruz do Sul. O segundo motivo de satisfação para os pais é justamente ter transmitido a essência do Natal.
E com esse sentimento, ainda que com as medidas de distanciamento impostas pela pandemia, todos, incluindo a nora e o genro, estarão reunidos no mesmo endereço onde há mais de três décadas o Natal se tornou marcante e inesquecível. Para adoçar a comemorar a ocasião, trufas de panetone com chocolate amargo, sorvete, cheesecake e o sentimento de união. “O ano foi tão desafiador que neste momento é importante valorizar o essencial, que é estar com saúde e junto com aqueles que amamos”, reforça Sônia.
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