Gestão agrícola: as vantagens da adubação verde na propriedade

O diferencial nas lavouras de alta produtividade, como soja, trigo e milho, vai além do uso de sementes de boa qualidade. A sanidade das plantas depende das condições climáticas e do preparo do solo, que é imprescindível. Por isso, a Emater/RS-Ascar alerta os produtores sobre a importância de desenvolver estratégias de qualidade de solo para a entressafra, como o plantio direto das culturas, também conhecido como adubação verde. Trata-se de uma cobertura do solo que aumenta a umidade, a reciclagem de nutrientes, melhora a manutenção da matéria orgânica e aumenta a produtividade.

“O incentivo à prática se dá a todos que trabalham na agricultura, independentemente de ser na área de grãos, olericultura ou fruticultura. Vale também para quem trabalha com tabaco, devido a seus benefícios. O uso de plantas de cobertura tem por objetivo o recobrimento do solo, protegendo-o contra os processos erosivos e a lixiviação de nutrientes”, explica o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar de Santa Cruz do Sul, Marcelo Cassol. Segundo ele, a adubação verde é uma alternativa econômica e ecológica, pois utiliza matéria orgânica gerada a partir do cultivo das plantas para adubar o solo, de forma natural e renovável.

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A orientação é de que o preparo da base para os próximos cultivos seja feito logo após o fim da colheita de verão, de modo a evitar doenças e pragas que possam surgir nas lavouras. Entre as principais espécies de plantas de cobertura verde estão as gramíneas (azevém, aveia preta e centeio) e leguminosas (ervilhaca, nabo forrageiro e tremoço).

O técnico agrícola e gerente da filial da Afubra de Jaguari, Nataniél Sampaio, explica que há dois tipos de cobertura de solo: as de inverno e as de verão. Assim, duram praticamente o ano todo. “A cobertura verde do inverno que hoje protege contra as intempéries, depois de morrer naturalmente ou ser dessecada, será a cobertura seca no verão, a chamada palha seca. Ela vai continuar garantindo a proteção de que o solo precisa no verão”, salienta. De acordo com Sampaio, tanto a palhada na superfície quanto o efeito das raízes são importantes para auxiliar a capacidade produtiva do solo, sua estruturação e a disponibilidade de nutrientes.

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Nabo forrageiro (também na foto do alto desta página) é uma das alternativas de inverno | Foto: Rafaelly Machado

Consórcio de espécies

O cultivo da adubação verde pode ser feito apenas com uma espécie ou por consórcio, que é a mistura de uma gramínea com uma leguminosa, o que garante mais ganhos. “As sementes de nabo forrageiro, por exemplo, podem ser misturadas às sementes de azevém ou aveia e semeadas para nascerem juntas. O nabo, com sua raiz que vai até o fundo, busca aquele nutriente de forma que a planta que for cultivada na sequência possa aproveitá-lo. A combinação dele com outra espécie é favorável, pois fornece nitrogênio para a palhada da aveia, por exemplo, que tem menos nitrogênio. Assim ela pode se compor mais tarde. Dessa forma, serão duas coberturas: a leguminosa, que vira adubo mais rápido, e a gramínea, que precisa de mais tempo para se decompor. Esse tempo maior garante teor de nitrogênio para virar a palhada seca”, explica Sampaio.

Entenda como deve ser feita a preparação do solo

Logo após a colheita da soja, do tabaco, do milho ou de outras culturas, o produtor deve introduzir as espécies de cobertura verde da época. As de inverno são o nabo forrageiro, o azevém, a aveia preta e o centeio; e as de verão, a crotalária, o milheto, o capim-Sudão e o capim rosinhense. A semeadura pode ser feita tanto individualmente quanto por meio de consórcio (combinação de duas espécies).

“São divididas em gramíneas e leguminosas de inverno e gramíneas e leguminosas de verão. O que muda entre as espécies é seu desenvolvimento. Algumas se desenvolvem melhor no inverno e outras no verão”, salienta o técnico agrícola. As coberturas de inverno verde, após a primavera, são dessecadas para o plantio de cima e morrem. Contudo, elas seguem se decompondo e liberando gradualmente os nutrientes essenciais para a proteção do solo e conservação da umidade. A recomendação é de que a cobertura de adubação seja morta no período da floração.

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“Como regra geral, para todas as espécies, é preciso dessecá-la ou incorporá-la no período da floração, porque ela vai se desenvolvendo e fixando nitrogênio do ar. A raiz se desenvolve e puxa potássio da parte mais profunda do solo, e a planta vai se recheando de nutrientes para colocar frutos, os grãos. Então, é o ponto ideal para matá-la”, afirma. O período entre a dessecagem da adubação verde e o plantio de outra cultura deve ser, no mínimo, de 30 dias.

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