Muito além da exploração tributária, a população é tão “escravizada” pelo estado brasileiro de modo que nunca soube e nem aprendeu a “caminhar” com os próprios pés e cabeça, salvo raros exemplos.
Qualquer ideia ou ação inovadora não prospera livremente se não obtiver autorização e participação estatal. Há milhares de amarras legais e convencionais que determinam essa limitação.
Mas, admitamos, é também uma dependência sociocultural. E isso explica o mofado discurso que se repete a cada eleição. Indistintamente, todos os candidatos e partidos prometem ações estatais que viriam a transformar a nação.
É como se toda a sociedade brasileira fosse uma criança e adolescente inconsequente e incapaz, que sempre dependesse de estímulos e aprovações materno-paternais.
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Nossa história é abundante em exemplos de governos e lideranças que usaram e abusaram do discurso e prática da dependência estatal. E em torno desse hábito se criou um emaranhado sistema de corporações, leis, normas e tributos que nos submetem a uma “escravidão eterna”.
Concomitante, entre paliativos de todas as naturezas, ainda que alguns bem-intencionados, outros nem tanto, empresas públicas “brás” disto e daquilo, e refrões patriótico-nacionalistas, a verdade é que não superamos questões básicas. Aliás, nacionalismo e patriotismo são o último refúgio dos canalhas, na frase do pensador inglês Samuel Johnson (também dizem ser frase de Millôr Fernandes). Mas, aqui entre nós, é o primeiro refúgio, à direita e à esquerda.
Retórica que não supera nem resolve os fatos. Subdesenvolvimento socioeconômico. Insegurança pessoal e patrimonial. Corrupção generalizada e sistêmica. Vias e sistemas de transporte coletivo e de cargas precários e limitados. Por todos os lados impera a limitação. O embaraço legal e formal.
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Em resumo e perversamente, “criar dificuldades para vender facilidades” é o mantra estatal. Ou seja, leis e normas em profusão e suas vigilantes corporações reafirmam a cada dia nosso estado de escravidão legislativo-tributária.
Nas próximas eleições, muitos partidos e candidatos se apresentarão como novidade. Como aqueles que não têm nada a ver com isto tudo que está aí. Será? O que nos oferecerão como novidade? Mais estado, menos estado? Mais governo, menos governo? Mais impostos, menos impostos?
Em sendo nossa nação profundamente desigual, em que áreas deveremos ser/ter mais estado? E onde menos estado e mais sociedade? Ou será a sociedade menos capaz do que o estado na superação das desigualdades?
Mas se até aqui o poder de estado tem produzido pouco e mal, que novo modelo de estado seria esse? Ou é o caso de um novo modelo de sociedade? Vá pensando, as eleições estão próximas. Ou vamos adiar novamente?
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