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Ideias e bate-papo

Gente ajuda, faz o bem e perdoa

Fim de ano, calor marcante, hora de balanços e de programar um merecido repouso. Ao longo de 12 meses, o trabalho pautou a rotina, ditou os horários, muitas vezes constrangeu iniciativas de lazer. Sou péssimo conselheiro no quesito relaxamento. Acordo cedo, durmo tarde, tenho poucas horas de sono, o que é péssimo para a saúde. 
Há dois meses tento – é verdade! – manter a rotina de atividade física orientada, mas não é fácil manter a disciplina.

Passo anos sem sair de férias, outra contraindicação à sanidade. Emendo três, quatro anos sem desacelerar. Assim que chega dezembro, reflito sobre isso. Prometo a mim mesmo, e à família, mudar de atitude no ano que vem. Quando “acordo”, estamos além da metade do ano. E pouca coisa planejada em janeiro tornou-se realidade.

Tenho consciência dessa incapacidade de seguir o estabelecido, mas não desisto. Não sou o que chamam de perseverante. Na verdade, sou um teimoso incorrigível. Defeito, aliás, lembrado diariamente na minha casa, onde advertem aqueles que me chamam de “chato”:

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– Não, minha filha… teu pai não é chato. Ele é muuuuuito chato! – costuma repetir minha mulher, Cármen, parceira de jornada de mais de 30 anos, para a minha filha Laura. E com ênfase neste “u” bem espichado para enfatizar a minha chatice.
 
Às vésperas de completar 60 anos, eu me conformo com algumas mazelas. Outras, no entanto, constituem desafios que pretendo superar em alguma fase da minha vida. Quando tinha 30 e poucos anos, imaginava-me levando uma vida “de sombra, água fresca e chinelo folgado”. Estaria trabalhando como free lancer, passando dias pachorrentos à beira-mar, viajando pelo mundo.
 
Mas cá estou. Trabalho de dez a 12 horas por dia, incapaz de desacelerar nos finais de semana ou em viagem, como ocorreu ultimamente. O lançamento do meu livro em quatro cidades – Porto Alegre, Sant’Ana do Livramento, Uruguaiana e Arroio do Meio – me fez rodar exatos 2.023 quilômetros.
 
O total de venda, o balanço financeiro e o custo-benefício material não estão entre as minhas preocupações. Longe de nadar em dinheiro, estou com a alma “lavada e enxaguada”, como diria o personagem Odorico Paraguaçu. O contato com amigos de longa data, os reencontros com parceiros de décadas e a possibilidade de compartilhar histórias compiladas ao longo da vida compensam qualquer contratempo.
 
2020 bate à porta. Repleto de oportunidades para exercer a solidariedade, resgatar amizades arranhadas pelas redes sociais. Perdoar, refletir, agradecer, pedir desculpa e recomeçar. Pequeno ideário que soa piegas, mas resume a nossa existência. Serão 12 meses novinhos para justificar a nossa trajetória terrena e comprovar que gente brilha, ajuda, compartilha e faz o bem!

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