O armazém do meu pai situava-se na Rua Thomas Flores, 876, em Santa Cruz. Bem na entrada da Linha João Alves. Meus pais abriam as portas às 6h30 da manhã e ficavam tomando chimarrão. Ainda não havia supermercados. O pai tinha uns costumes, alguns dos quais não adotei. Não tomava leite, nem comia pão, nem saladas. A única que comia era pepino, que minha mãe fazia em conserva. Creio que salvava seu trato intestinal comendo bergamotas, laranjas; enfim, as frutas da estação.
Ele era do PL (Partido Libertador). Na época de eleições, saía de caminhonete carregando seu candidato a vereador preferido. Tinha pavor do PTB.
Admirava muito o sr. Francisco Frantz, e era assinante da Gazeta. Cedinho vinha uma pessoa de bicicleta e deixava o jornal sobre o balcão. Meu pai lia tudo, do começo ao fim, sempre tomando chimarrão. Às vezes deixava cair a cuia sobre o jornal e, nesse caso, limpava com todo cuidado. Depois de terminar de lê-lo, era a vez da mãe, que, nesse momento, já estava na nossa casa, ao lado do armazém. Quando eu voltava do colégio, era minha vez. Lia tudo também, e gostava da coluna “Potins Sociais”, do sr. Lúcio Michels.
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Admirava as notícias internacionais. Quando piá, gostava de ver aquelas fabulosas máquinas de impressão. A Gazeta tinha uma excelente diagramação. Primava, como hoje, por rigor com a correção da gramática.
É aí que eu queria chegar. A leitura do jornal me fez muito bem, porque é um veículo sério.
Hoje, estamos numa bagunça grande por causa das fake news. Todo mundo virou jornalista, médico, veterinário, padre, vidente. As redes sociais estão entupidas de falsos profetas e historiadores da mentira. Existe uma rede de TV a que me recuso acessar, que é absolutamente tendenciosa na política e no noticiário. De péssimo gosto artístico, dado o mau gosto na propagação de costumes duvidosos.
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Por isso, aplaudo essa instituição importante que é o Grupo Gazeta. Sem querer bajular, o nosso jornal é mais fácil de ler do que alguns de Porto Alegre. A assinatura virtual é bem barata e você pode ler pelo computador ou pelo aplicativo. O bom é que pelo PDF você corre pelas páginas sem ter de voltar para o cabeçalho.
Tenho um amigo, da minha idade, que não previu o fenômeno que extinguiu os dinossauros da comunicação. Não assina jornal, não tem internet, nem celular. Ainda ouve música pelo LP e pelo CD. Mora no meio do mato num morro lá em Floripa. Vou lhe doar um celular ou computador usado e lhe darei de presente uma assinatura da Gazeta virtual. Talvez pare de me mandar cartas indagando sobre Santa Cruz.
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