Já passava das 22h30 de sábado quando a bateria da escola de samba Gaviões da Zona Sul começou a tocar no Centro Social Urbano do Bairro Faxinal, em Santa Cruz. No centro da roda, a rainha do Carnaval e da bateria, Júlia Lopes, se movia com graça. Conforme o som dos tambores se espalhava, os moradores começavam a chegar para acompanhar o primeiro ensaio para o Carnaval da Marechal, que ocorre nas noites de 25, 26 e 27 de fevereiro. Após duas horas de trabalho para coordenar as batidas, os quase 40 músicos aproveitaram o resto da noite ao lado de cerca de 500 integrantes da comunidade, que invadiram a madrugada dançando.
Para a rainha Júlia, a expectativa pelo desfile na Marechal Floriano é grande. “É mais do que um desejo, mas uma certeza de que vai ser um grande sucesso”, frisou. Vinda de uma família de mãe rainha e avó passista, Júlia participa do carnaval de rua desde criança, mas este será o primeiro ano integrando a Gaviões da Zona Sul.
Everton Ferreira, o mestre de bateria, também é novo na escola, mas participa da folia há 20 anos. “Gosto da zoeira, de estar no meio da avenida e ver que estamos contagiando as pessoas com o ritmo e a alegria”, comentou. O clima de união e entusiasmo também é admirado pelo intérprete do samba-enredo e educador social, Deni Ladi. De acordo com ele, o carnaval é o momento em que o intelecto da periferia ganha seu espaço, unindo todas as classes na avenida. “Carnaval não é virar a noite bebendo. É cultura”, frisou.
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Grupo quer resgatar carnaval popular e democrático
Deni Ladi coordena o Carnaval da Marechal ao lado do presidente da Gaviões, Paulo Rogério de Andrade, o Chimia, do presidente da Sociedade Esportiva Recreativa Ser Faxinal, Maurício Marques, e de Pedro Lindomar. Juntos, eles realizaram a primeira edição, no ano passado, e acreditam que o evento vem para resgatar o antigo espírito da folia: popular e democrático. “Trouxemos uma nova proposta, que não vem para mudar o que já vinha sendo feito, mas para agregar. No ano passado fizemos tudo em 20 dias, mas este ano já estamos nos organizando há três meses e vamos contar inclusive com trio-elétrico”, salientou Chimia.
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O destaque do Carnaval da Marechal, para Maurício, é o formato aberto e convidativo. “No ano passado, as pessoas vieram para a calçada, acompanharam das janelas dos prédios e entraram junto na avenida. E são pessoas que talvez não se sentissem convidadas a participarem antes”, comentou. No total, seis ensaios devem ser realizados até o dia do desfile, em diferentes bairros da cidade. O evento também conta com o apoio da Prefeitura, da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), de grupos da terceira idade e outros centros comunitários do município.
Saiba mais
O Carnaval da Marechal foi realizado pela primeira vez no ano passado, organizado pela escola de samba Gaviões da Zona Sul. A proposta do evento, que passou a integrar o calendário oficial do município, é resgatar o carnaval popular, com a folia acontecendo bem no Centro da cidade, aberta a todos os públicos. Este ano, a festa acontece de 25 a 27 de fevereiro, em paralelo com o Carnaval da Santinha, realizado no Parque da Oktoberfest. Além da Gaviões, estará presente parte da banda do 7º Batalhão de Infantaria Blindado (BIB), trazendo marchinhas carnavalescas clássicas.
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