A trágica morte do motoboy Eryck da Silva, de 21 anos, na noite de sexta-feira passada, gerou grande comoção em Santa Cruz do Sul. O jovem foi carbonizado embaixo da própria motocicleta Honda CG Titan, após se perder sozinho em uma curva acentuada ao fim da Rua da Pedreira, quase à margem da BR-471, em frente ao antigo Santuário de Schoenstatt. O momento foi flagrado pelo motorista de aplicativo Julio Alberi Broqua Holtz, de 30 anos.
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Por volta de 21 horas, ele havia deixado uma família no Bairro Dona Carlota e voltava pela rodovia em direção ao Condomínio Terra Nova Moradas, no Bairro Pedreira, onde faria outra corrida. “Saí da BR e entrei naquela curva. Foi quando vi o estouro e ele caiu. Foi muito rápido. Algumas coisas que ele tinha voaram com o impacto. Saí do carro e fui ver. A moto estava em cima dele. O fogo iniciou nas pernas”, comentou Julio.
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Rapidamente, o motorista de aplicativo foi até o seu Chevrolet Classic cinza e retirou o extintor de incêndio do compartimento embaixo do banco. “Assim que voltei, comecei a usar o extintor. Minha intenção era ajudar, mas o fogo foi se alastrando. Tentei apagar e até consegui um pouco, mas depois as chamas voltavam.” Como o fogo iniciou nas pernas do rapaz e a CG Titan o prendeu junto a um bueiro da via, existe a hipótese de o jovem não ter tido força para empurrar a moto e levantar devido às lesões e queimaduras.
A cena chamou a atenção dos vizinhos e de quem passava pelo local. Na tentativa de ajudar, uma moradora das proximidades jogou um balde de água nas chamas. “Eu até disse para ela não fazer isso, porque iria espalhar a gasolina. Ele ainda estava consciente e o fogo também foi para a grama. Gastei todo meu extintor, mas não consegui salvá-lo. Não adiantou, tinha fogo por tudo”, contou o motorista.
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Para testemunhas, vida poderia ter sido salva
Eryck, que trabalhava em uma transportadora e fazia serviços de motoboy, morava há três meses com a namorada Tayná Cardoso em uma residência do Bairro Santuário. No último domingo, 8, o corpo do jovem foi levado pela Funerária Halmenschlager até o Cemitério Ecumênico da Paz Eterna, onde foi velado e depois sepultado. Em homenagem a ele, um grupo de motoboys, familiares e amigos acompanhou o cortejo.
No dia do fato, muitos moradores criticaram o fato de não haver iluminação na curva, considerada uma das mais acentuadas da cidade. As forças de segurança, inclusive, tiveram que ligar as luzes de viaturas para iluminar o local, na tentativa de auxiliar a perícia a enxergar a cena do acidente, pois as lanternas dos agentes não davam conta.
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Segundo Julio, o jovem fez a curva fechada e acabou se perdendo. Com isso, caiu em um bueiro e a moto ficou por cima, trancando-o. “A gasolina vazou e pegou no motor quente. A moto ficou retorcida em cima dele. Estava muito quente. Depois pensei que poderia ter acontecido algo pior até comigo, me expondo àquela temperatura. Podia ter dado uma explosão do motor, mas meu instinto foi ajudar”, disse.
“Tinha muitas pessoas curiosas. Muitos carros pararam, mas ninguém tentou usar o extintor também. Se tivesse mais um ou dois, era capaz de ter conseguido salvá-lo. O meu acabou e o fogo continuou. Foi trágico, horrível. É uma situação que não sai da minha cabeça. Parei de trabalhar aquele dia porque não tinha mais condições, depois do que vi”, finalizou o motorista de aplicativo.
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