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Gansos, uma peculiaridade do interior

Foto: Rafaelly Machado

Dalcio Spode, com as cinco aves e um dos cães: alerta redobrado para a segurança e convivência amistosa entre a bicharada

Alguns hábitos parecem resistir ao tempo em áreas interioranas. Um deles é a criação de aves e animais, especialmente por ser um meio, entre outros, de garantir a subsistência das famílias que tiram de suas propriedades o próprio sustento.

Entre as espécies apreciadas estão os gansos, cujas vantagens se estendem para além da alimentação. Embora encontradas em maior número em tempos mais remotos, essas aves continuam servindo como opção de fonte de renda, como alternativa para garantir a segurança das moradias e até mesmo como animais de estimação.

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Seu surgimento remonta a milhares de anos, conforme registros históricos, e sua presença na região se confunde com o desenvolvimento ocasionado com a vinda dos imigrantes. Desde a época dos primeiros colonizadores, os gansos fazem parte do cenário da vida no meio rural. Essa foi uma realidade experimentada ainda na infância pelo ajustador mecânico Dalcio José Spode, hoje com 59 anos, de Santa Cruz do Sul.

Ele lembra que seus pais, na época em que ainda moravam no interior de Herveiras, já mantinham um plantel “para fazer o alerta na propriedade”. “Eles sempre tiveram gansos. Primeiro em Herveiras, depois em Linha Nova, quando mudaram para Santa Cruz. Também utilizavam os ovos para o consumo e minha mãe fazia travesseiros e cobertas com as plumas.”

Já adolescente, por volta dos seus 17 anos, Dalcio demonstrou interesse pela criação. Foi o único dos sete filhos a manter o hábito dos pais. “É o meu hobby, uma diversão para mim. Essas aves me protegem muito aqui e é um alívio para as preocupações.” Observa que são os gansos que fazem o primeiro alerta, ao mínimo sinal de movimentação. “Muitas pessoas circulam por aqui [proximidades da rodovia 471] e os gansos fazem a segurança. O primeiro sinal é deles; depois é dos cachorros”, destaca.

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Atualmente, Dalcio tem cinco aves. “Tenho os sinaleiros. São quatro machos e uma fêmea. Sempre tenho plantel e quando posso dou algum filhote de presente para as pessoas conhecidas”, diz, e revela que “Gansolino”, com plumagem branca e olhos azuis, é o que mantém de estimação. Para garantir a continuidade das aves, Dalcio costuma guardar os ovos para chocar. Em seus planos está a expansão do plantel e a mudança para uma chácara no interior de Vera Cruz. “Pretendo me mudar para a minha chácara. Lá tem bastante espaço e dá para aumentar a criação”, garante.

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Curiosidade

Em Santa Catarina, desde 2009 gansos ajudam a monitorar detentos do Complexo Penitenciário do Estado (Cope), um presídio de segurança máxima localizado em São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis. As aves provaram ser mais eficientes do que os cães que habitavam o complexo e alertam a equipe de vigilância se algum preso tentar escapar.

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Embora a unidade prisional conte com um avançado sistema de vigilância eletrônica operando 24 horas por dia, a opção pelos animais se deu em função do seu “comportamento sentinela”, de emitir gritos e grasnados ao menor sinal de perturbação.

Principais raças

Chinês branco e Chinês pardo – A raça de ganso conhecida como Chinês lembra um cisne, já que possui o pescoço longo e curvado. É a que melhor se adapta ao clima do Brasil, por ser bastante resistente. Outra característica peculiar é a sua aptidão como guarda da propriedade. É um exímio sinaleiro, a qualquer indício estranho. Pode alcançar 5 quilos ou mais e botar em torno de 20 ovos já na primeira postura anual.

Africano – O ganso Africano tem o pescoço comprido, acinzentado, com uma raia escura na parte de trás, que segue da cabeça às espáduas. O bico é negro na parte de cima, com uma protuberância na parte de baixo, lembrando um chifre sem ponta. Excelente reprodutor, quando adulto o macho pode chegar aos 9 quilos. Quanto à postura, a fêmea pode produzir até 40 ovos/ano.

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Toulouse – Pode alcançar 15 quilos e, portanto, é a raça mais pesada. A plumagem possui o tom cinza-escuro, com algumas listas mais claras no peito. Na França, é a raça criada para a produção de carne, principalmente de fígado, com o qual é elaborado o Pathe de Foie Gras, conhecido na gastronomia mundial. As fêmeas produzem em torno de 20 a 40 ovos/ano.
Embden (Bremem) – Essa raça é alemã, tem olhos azuis e plumagem inteiramente branca. As penas da Embden são comercializadas para a confecção de travesseiros. Os machos da espécie podem alcançar os 10 quilos rapidamente, o que torna a ave típica para o abate. As fêmeas produzem em torno de 20 a 30 ovos/ano.
Sebastopol – Tem plumagem frisada, com coloração branca, característica que a torna uma ave ornamental. Os machos podem alcançar os 12 quilos quando adultos. Diferencia-se pela produção de carne e ovos. Já na primeira postura, as fêmeas podem produzir de 40 a 60 ovos/ano. Entretanto, não conseguem chocar tamanha quantidade, por isso a necessidade de uma chocadeira elétrica ou galinhas servindo de amas.

Mais sobre

Reprodução – Para a maioria das raças de ganso, o período de acasalamento ocorre aos oito ou nove meses de vida, entre os meses de julho e dezembro. Para o melhoramento genético, os criadores selecionam os melhores exemplares na proporção de um macho para duas fêmeas ou um macho para três fêmeas. Geralmente, na primeira postura, as gansas produzem em torno de 20 ovos, que eclodem em 28 a 32 dias.

Alimentação – Os gansos alimentam-se geralmente de capim, legumes, frutas, grãos, ervas, caracóis, insetos e minhocas. Entretanto, para crescerem saudáveis e equilibrar a ingestão de nutrientes, os criados em cativeiro necessitam de ração conforme a faixa de idade.

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Instalações – Rústicos, os gansos se adaptam aos mais diversos climas. Como são aves aquáticas, necessitam de um tanque para banhos e mergulhos rotineiros, principalmente no calor. Muitos criadores os mantêm dentro de um cercado para que possam se locomover livremente e se proteger dos predadores.

Retirada das penas – Apreciadas para a confecção de travesseiros e edredons, as penas são uma opção de lucro aos criadores. A melhor forma de extraí-las é esperar a época da muda, que ocorre entre a estação mais fria do ano e a primavera. Nesse período, caem naturalmente.

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