Vocês têm visto como está baixo o nível do futebol na Eurocopa? Até o fechamento desta coluna (antes das semifinais), os quatro artilheiros possuem três gols cada, sendo que foram marcados dez gols contra em toda a competição. São jogos sem muitas alternativas de jogadas de ataque e de defesas exageradamente abertas e esculhambadas, como a da Itália.
Não que a Copa América esteja enchendo os olhos; afinal, historicamente não é o que acontece. Nos jogos que terminaram empatados e foram para os tiros livres da marca do pênalti, foi entregue alguma emoção ao espectador. Na disputa, os goleiros perdedores também brilharam, defendendo cobranças.
Na Eurocopa, a prorrogação era só mais 30 minutos de suplício para quem jogava e para quem assistia.
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Esboçada a caricatura, pintemos o fundo do quadro.
O futebol, enquanto produto, deve(ria) ter como foco entregar entretenimento para seu consumidor. Logicamente, é importante vencer, mas não sacrificando o espetáculo.
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Não ignoro que o futebol se tornou mais físico do que nos anos 1980, por exemplo, época marcada por times técnicos, como a inesquecível Seleção Brasileira de 1982. Para dar espaço a uma musculatura presa para aguentar a carga de jogos, saíram o drible, a técnica e o tempo de treinamento para cobrar uma falta com perfeição.
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Os goleiros são os únicos jogadores com prerrogativa de serem atendidos pelos médicos em campo, interrompendo a sequência da partida. Não é concebível, entretanto, que a cada grande defesa o goleiro se contorça no gramado e chame atendimento médico para “ganhar” tempo.
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Circunstancialmente, é uma estratégia para esfriar o ímpeto do adversário, mas, usada com muita frequência, só torna o jogo chato, picotado. Nenhum acréscimo devolve a naturalidade do jogo, que os goleiros consomem fazendo cera.
Aliás, será que não poderíamos repensar a extensão do jogo? E se fossem dois tempos de trinta minutos ou três de vinte? Seria condizente com uma época em que aceleramos tudo no mínimo para a velocidade 1.5.
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No basquete dá certo jogar em tempos curtos.
A essência popular do futebol, que germinou e fez florescer o esporte, está há tempo minguando.
A começar pelos campos: é preciso uma organização semiprofissional para juntar vinte e duas pessoas para jogar futebol de campo, em qualquer horário que seja. Mesmo no Society, é uma luta para fechar dois times, fora que não existem quadras a menos de R$ 10,00 por jogador.
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Sem a grama sintética, que arrebenta joelhos e tornozelos, beach tennis e padel, por exemplo, têm se mostrado mais atrativos para quem quer praticar um esporte no tempo livre.
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