Entre os índices de criminalidade divulgados nesta semana pela Secretaria de Segurança do Estado, um dos que chamam a atenção em Santa Cruz do Sul é o aumento dos furtos. Em 2016, foram 424 a mais do que no ano anterior. A média chegou a seis por dia, com 2.302 casos registrados. A reincidência, o envolvimento de menores de idade e de usuários de drogas nesse tipo de crime são apontados como algumas das razões que dificultam o combate. Neste ano, a Brigada Militar pretende reforçar as ações para reduzir esses delitos.
Foi o receio de voltar a ser vítima de ladrões que fez Estelamar Arend, de 65 anos, gradear a residência onde mora e instalar alarmes em portas e janelas, na Rua Capitão Jorge Frantz, no Centro. No início de janeiro, ela precisou retornar mais cedo das férias no Litoral por causa de um arrombamento na residência. O criminoso invadiu a casa, perto do meio-dia, e furtou uma televisão. Um vizinho, que viu a cena, acionou a Brigada Militar, que capturou o ladrão logo depois.
Três dias após o crime, Estelamar, de volta à casa, foi varrer a calçada e se assustou ao reconhecer, do outro lado da rua, o mesmo homem que havia arrombado sua moradia. “A pessoa é presa na minha casa e, dois dias depois, passa aqui de novo. Qualquer barulhinho na porta, eu fico apavorada”, contou naquele dia à Gazeta do Sul. A moradora tinha razão de ter medo. Na mesma semana, acordou durante a madrugada e descobriu que outro criminoso tentava arrombar a porta da frente. Quando percebeu o movimento, ele fugiu correndo. Depois disso, ela decidiu instalar os alarmes e grades. “A presidiária agora sou eu”, lamenta.
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A insegurança sentida por vítimas como Estelamar é o que mais preocupa a polícia. “O furto qualificado é um dado que nos preocupa bastante. A sensação de vulnerabilidade e impotência das pessoas que chegam em casa e veem seu patrimônio violado é muito grande”, afirma Cristiano Marconatto, da Brigada Militar de Santa Cruz do Sul. Os furtos, conforme o capitão, não integram a lista de crimes prioritários para redução de índices, mas devem receber maior atenção da BM. “A gente vai rearticular as nossas metas e indicadores da plataforma Avante também para contemplar essa modalidade delituosa, que teve um acréscimo.”
Golpes
Outro crime que teve considerável aumento no ano passado foram os estelionatos, com 211 registros. Em 2015 haviam sido 167. Um dos golpes mais conhecidos, mas que continua fazendo vítimas no município, é o conto do bilhete. Nesse tipo de golpe, os estelionatários ludibriam as vítimas, normalmente idosas, para lhes entregar uma quantia em dinheiro. Eles afirmam ter um bilhete premiado da loteria. Na semana passada, uma senhora entregou R$ 48 mil e joias para os estelionatários.
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Nessa semana, uma mulher de 74 anos caiu em um golpe no Bairro Arroio Grande. Dois homens foram até a casa da idosa na quinta-feira e disseram ter uma encomenda em nome do filho dela. Para receber os pacotes, eles exigiram o pagamento de R$ 160,00. Os golpistas foram embora com o dinheiro. Ao abrir as caixas, a mulher percebeu que estavam vazias.
Pequenos objetos são os principais alvos
Na maioria dos casos, os autores desse tipo de crime aproveitam a oportunidade. Levam objetos que estão expostos, como cadeiras, roupas, lâmpadas ou até hidrômetros. “É o crime de ocasião. Vendo a oportunidade, ele comete o crime. É difícil de combater isso. A gente vai ter que adotar algum tipo de mecanismo tanto preventivo como de conscientização das pessoas para tentar coibir esse tipo de crime”, diz o capitão Marconatto.
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Nessa sexta-feira, a Brigada Militar prendeu uma mulher que furtou dois anéis e um brinco de uma joalheria. Ela foi encaminhada à Polícia Civil. Nas lojas os alvos são mesmo pequenos produtos, como shampoos, perfumes, desodorantes ou peças de roupa. Quando há invasão da moradia, os ladrões costumam levar joias e dinheiro.
Celulares e bicicletas também são alvos comuns. “Boa parte desses crimes são praticados por usuários de drogas. Então tem essa questão da drogadição, bastante vinculada a esses furtos. Aí não é o traficante, não é o crime violento. É o usuário”, afirma Marconatto.
Roubos e assassinatos
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O roubo, inclusive de veículos, e os homicídios também são crimes com elevação preocupante. No ano passado, foram registrados 41 assassinatos. O índice é mais que o dobro do ano anterior, quando houve 20 casos. A disputa envolvendo o tráfico de drogas é apontada pela polícia como o principal fator para esse acréscimo na violência. Já os roubos tiveram um ligeiro incremento, com 460 registros, média de nove por semana. Os roubos de veículos tiveram uma elevação de 72%, com 62 ocorrências.
E os veículos?
O furto de veículos é o único índice divulgado separado dos demais crimes desse tipo. Em Santa Cruz, no ano passado, houve uma redução de 15% em relação a 2015, embora o índice ainda seja de três carros levados a cada dois dias. Foram 547 veículos furtados, contra 644 no ano anterior.
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Nesses casos, uma prática que preocupa a polícia é a exigência de resgate para devolver os automóveis. Na última quarta-feira, a Defrec localizou um Corsa, no Bairro Arroio Grande, pelo qual os bandidos exigiam R$ 1 mil para devolver ao proprietário. Ao invés de fazer o pagamento, a vítima procurou a Polícia Civil. O carro tinha sido levado na segunda-feira, próximo da Unisc.
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