Durante dois dias, Cruz das Almas, no Recôncavo Baiano, foi o centro das discussões sobre a fumicultura no Brasil. O município é o principal núcleo da produção de charutos no Brasil e por isso recebeu a reunião da Câmara Setorial do Tabaco, na quarta-feira, e o evento comemorativo ao Dia do Produtor de Tabaco, realizado ontem.
Com características totalmente diferentes do fumo destinado a cigarros, o cultivo do tabaco para charuto é feito de maneira praticamente artesanal, assim como a produção final. Apesar das particularidades e da escala de volume muito menor, o contexto envolvendo as restrições à produção é idêntico ao do segmento cigarreiro. Por isso, fazer com que os principais personagens da cadeia atravessassem o País para levar as discussões sobre o tema à região foi motivo de comemoração.
O Sindicato da Indústria do Tabaco no Estado da Bahia(Sinditabaco – BA) e a Câmara Setorial do Charuto Baiano foram os responsáveis pelos dois eventos em Cruz das Almas. “Nossos gargalos são muito semelhantes. Além disso, nos vale como um reconhecimento, já que a produção de tabaco no Brasil começou pela Bahia. Quando os portugueses chegaram aqui, os índios já produziam uma espécie nativa que adaptamos e cultivamos até hoje”, ressaltou o diretor executivo do Sinditabaco – BA, Marcos Souza.
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Já na reunião da Câmara Setorial, o tema em destaque foi a mudança de posicionamento do governo federal em relação à fumicultura. Com semblantes animados, era unânime a opinião de que a defesa pública do setor pelos ministros da Agricultura, Blairo Maggi, e da Casa Civil, Eliseu Padilha, aumenta as chances de que se chegue à COP 7 mais fortalecido do que noutros anos.
Para o consultor da Câmara Setorial do Tabaco, Romeu Schneider, a situação é totalmente distinta daquela de alguns meses atrás. “Nós tínhamos a nítida sensação de estar falando para as paredes, já que de nada adiantavam as nossas explanações. Felizmente, agora a situação mudou.”
Produção de charutos emprega 14 mil pessoas
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O evento do Dia do Produtor de Tabaco reuniu cerca de 600 pessoas e teve a participação das principais entidades e instituições envolvidas com a cadeia produtiva no Brasil, que puderam conhecer um pouco mais sobre as práticas e a realidade de quem cultiva fumo para charuto.
Produtores de 23 municípios da região estiveram presentes e alguns deles expuseram ações que representaram maior rentabilidade junto das lavouras. O Brasil produz cerca de 14 milhões de charutos por ano e emprega cerca de 14 mil pessoas direta e indiretamente, principalmente na região do Recôncavo Baiano.
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Município de Cruz das Almas cultiva fumo destinado a charutos