Em 1973, quando ainda não existia a internet para pesquisas instantâneas, e poucas famílias tinham as famosas enciclopédias, o escritor Walter Spalding publicou na Gazeta do Sul a lenda e a história do fumo. Seguem algumas curiosidades do texto.
Conta que o fumo, ou tabaco como alguns preferem, foi descoberto casualmente por povos primitivos, que tinham o hábito de acender pequenas fogueiras em homenagem aos deuses. Eles acreditavam que a fumaça levava as preces da tribo aos céus.
Com o tempo, passaram a queimar pedaços da planta em cachimbos de barro, fazendo suas preces individuais. Para eles, a fumaça particular gerava uma ligação mais íntima e direta com os seres sobrenaturais nos quais acreditavam.
Os índios americanos, inclusive no pampa, também tinham uma cerimônia especial. O feiticeiro acendia uma fogueira, comia ovos de avestruz e aspirava a fumaça do cachimbo com fumo, até ficar em estado de êxtase. Depois, através da sua boca, o demônio (anhangá) se manifestava, dando conselhos à tribo. O cachimbo então passava de mão em mão e o grupo aclamava anhangá com gritos frenéticos.
A pesquisa indica que, desta cerimônia, nasceu a expressão “fumar o cachimbo da paz”. Reunidos os chefes das tribos, o pagé (feiticeiro) acendia o cachimbo e cada um dos antagonistas que pretendiam selar o acordo de paz tiravam longa baforada dele. Em seguida, davam-se as mãos em sinal de amizade e iniciavam nova sessão de baforadas.
Walter Spalding (1901-1976) nasceu em São Jerônimo em 1901 e faleceu em Porto Alegre em 1976. Foi escritor, jornalista, historiador e poeta, tendo mais de 40 livros publicados. Muitos envolvem a história do Rio Grande do Sul e Porto Alegre.
Pesquisa: Arquivo da Gazeta do Sul
Memória
Fumaça e as preces
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