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Frutos do saber

Vivemos a era da comunicação total. Jamais, em tempo algum, tivemos tantos canais para buscar todo tipo de informação, a toda hora, em qualquer lugar. Apesar desta abundância de opções, parece que o homem desaprendeu a dialogar e a conversar civilizadamente. A tônica do mundo atual é a tentativa permanente de impor ideias, geradas a partir de bolhas onde impera o pensamento único. Essas bolhas são terrenos férteis para a multiplicação de fake news, ofensas e destruição de biografias.

A leitura se restringe a conteúdos surgidos na internet, de preferência curtos e recebidos por whatsapp. Muitos não passam do primeiro parágrafo para disparar toneladas de mensagens quase sempre deturpadas e pouco fiéis ao conteúdo redigido.

O hábito da leitura não é mais prioridade há muito tempo para a esmagadora maioria das pessoas, principalmente entre os jovens. O ritmo frenético do mundo digital fez do livro um objeto bizarro, excêntrico até. Outrora insubstituíveis, as publicações jazem em cantos escuros e empoeirados. Vez por outra são levados à luz, geralmente em feiras, mostras ou bienais que tentam manter acesa a chama da leitura.

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No último final de semana estive em Guaporé, na serra gaúcha. Lá, um sonhador, proprietário do jornal Tribuna da Serra, investe num projeto pouco conhecido. No sábado ocorreu a quinta edição do “Frutos do Saber”. Com apoio de familiares, amigos e alguns poucos empresários locais, o jornalista Luis Reder arrecadou 10 mil livros. A Praça Vespasiano Corrêa amanheceu com milhares de obras pendentes de árvores, nos monumentos e afixadas nos portões da Igreja Santo Antônio.

Qualquer pessoa poderia pegar a quantidade que quisesse de volumes, sem pagar nada, e levar para casa. A novidade deste ano foram os livros confeccionados em linguagem Braile, alternativa inclusiva que mereceu elogios generalizados. Na praça, além da atração principal, houve shows com artistas regionais e contação de histórias para a gurizada.

É uma iniciativa fantástica, mas viabilizada graças à dedicação incansável de um apaixonado por livros. Com apenas o Ensino Médio completo, Luis Reder devora publicações e investe pesado na aquisição de obras infantis. “A criança é nosso maior tesouro. Se incutirmos nelas o hábito da leitura teremos mais cultura, menos problemas sociais e pessoas melhores”, justificou.

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Junto à sede do jornal Tribuna da Serra, Luis Reder construiu um prédio anexo exclusivamente para depositar livros ao longo do ano para oferecer gratuitamente a cada edição do “Frutos do Saber”. Modesto, o idealizador do projeto afirma que espalhar cultura é obrigação de todos nós.

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