Enquanto o transporte público segue acumulando prejuízos, 566 automóveis entraram em circulação em Santa Cruz do Sul ao longo de 2022. Segundo dados do Departamento de Trânsito do Rio Grande do Sul (DetranRS), a frota do município chegou a 99,7 mil veículos em dezembro, o que representa um crescimento de 1,75% em relação ao ano anterior.

Ao todo, foram 1,7 mil emplacamentos, incluindo também motocicletas, ônibus, caminhões e tratores, entre outros. O crescimento foi abaixo da média estadual (2,10%) e Santa Cruz manteve-se como a 12ª maior frota do Estado. No entanto, se considerada a relação entre número de veículos e população, com base na prévia do Censo 2022, a concentração em Santa Cruz, que é de um veículo para cada 1,3 habitante, ainda é uma das mais altas – superior, por exemplo, à de Porto Alegre (1,6), Caxias do Sul (1,5), Pelotas (1,4) e Canoas (1,5). Desde 2012, mais de 25,1 mil veículos foram incorporados ao trânsito local.

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As estatísticas do Detran indicam que Santa Cruz tem 57,6 mil automóveis e 19,9 mil motocicletas nas ruas. No dia a dia, porém, o número pode ser até maior, uma vez que, por se tratar de um polo regional, também há circulação de veículos de outros municípios. Em contrapartida, o volume de passageiros do transporte coletivo urbano despencou nos últimos anos: de 300 mil usuários por mês antes da pandemia para 150 mil atualmente. O prejuízo financeiro só não é maior porque a Prefeitura vem bancando as isenções e meias-passagens, e medidas são adotadas para reduzir o custo da operação.

Especialista em gestão e legislação de trânsito, o tenente-coronel Ordeli Savedra Gomes considera que a frota circulante de Santa Cruz atingiu um patamar elevado e atribui isso ao alto poder aquisitivo do município, que tem o quinto maior PIB do estado. Ainda segundo ele, as consequências desse fenômeno já são visíveis, com trânsito lento em pontos e horários específicos, além da dificuldade cada vez maior de estacionamento na zona central. “Agora é um momento tranquilo, porque há uma migração grande de pessoas para o Litoral nessa época. Mas no pós-Carnaval, com a volta das aulas e o fim do período de férias, vamos sentir esse crescimento na frota”, observou.

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Gomes entende como corretas as adequações viárias que vêm sendo feitas pela Prefeitura em alguns lugares para facilitar a vazão do tráfego. Como exemplo, ele cita a Rua Coronel Oscar Jost, que teve ampliação de faixas, e a Rua Gaspar Silveira Martins, onde o estacionamento foi proibido durante o dia.

É preciso baratear o transporte público, diz analista

Segundo o especialista em gestão e legislação de trânsito Ordeli Savedra Gomes, os números da frota chamam a atenção para a necessidade de estimular que mais pessoas utilizem o transporte coletivo urbano. Na visão dele, porém, isso passa necessariamente por tornar o serviço mais acessível para a população.

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Atualmente, a tarifa em Santa Cruz é de R$ 4,45. O preço está congelado desde fevereiro de 2020, e a Prefeitura descarta reajustar neste ano. Gomes observa, no entanto, que muitas pessoas vêm migrando para a motocicleta ou para os aplicativos de carona paga, que se tornam mais em conta.

Segundo ele, para baratear o transporte coletivo, são necessárias políticas para baratear o custo do diesel e outras medidas para reduzir o custo operacional. “Isso não é uma exclusividade de Santa Cruz. Na maioria das cidades, esse debate está acontecendo. O transporte coletivo é necessário e precisa haver uma união de esforços entre empresários e poder público para incentivá-lo.”

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