Domingo assisti à enésima reportagem sobre as fronteiras do Brasil. Contrabando de veículos e eletrônicos, tráfico de armas e de pessoas. Tudo de pior chega ao País através de uma inexplicável conivência oficial. Ok, são 17 mil quilômetros de fronteira, mas o descaso é flagrante, não existe prioridade para combater essa chaga.
O flagelo da droga é onipresente. Há poucos dias encontrei um amigo, morador de uma pequena cidade com base agrícola. Ele se confessou revoltado com a proliferação do vício entre os jovens e adultos.
– Usa-se maconha, crack e até cocaína no meio da roça, durante a colheita. Tudo isso somado ao uso desenfreado de álcool, e não apenas nos fins de semana! – lamentou.
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O uso de drogas prospera porque existe um público consumidor que se consolida e aumenta a cada dia. O grande equívoco da maioria das políticas de combate é o esquecimento de que a lei da oferta e procura, que regulamenta todo tipo de comércio, se faz presente de maneira incisiva.
A população que mora em bairros pobres e favelas é marginalizada porque muitos traficantes e “funcionários do tráfico” residem ali. Ignora-se que os consumidores “moram no asfalto”. E muitas vezes possuem grande poder aquisitivo. O preço da droga está diretamente ligado a sua pureza. Ou seja: quem dispõe de mais dinheiro tem acesso a “produtos de maior qualidade”.
A tarefa das forças policiais que agem nas zonas de fronteira é gigantesca. A escassez de recursos, equipamentos e de investimentos contínuos compromete a eficiência do trabalho, transformando a rotina no que comumente se chama de “enxugar gelo”. Um grupo de policiais abnegados não mede esforços, usando seus próprios telefones celulares para dar andamento a investigações e prisões.
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A força do crime organizado que transita pela fronteira é descomunal porque movimenta bilhões de dólares todos os dias. Como se vê através da Operação Lava Jato, a corrupção sobrevive graças ao dinheiro, mola-mestra da ilegalidade e de todo tipo de crime.
O poder econômico está no cerne das principais mazelas do País. Vigiar as fronteiras com mais eficiência e rigor implica eleger prioridades que hoje não contemplam essas operações. Resta combater – de maneira contínua e pouco efetiva – as consequências que envolvem a morte de milhares de jovens e de trabalhadores, além do comprometimento de várias gerações.
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