Enquanto o sol migra devagarinho para o norte, teias de aranhas amanhecem orvalhadas; vez ou outra, aves migradoras passam pela minha Wilde Heimat, para um breve repouso e a saúdam com um canto inusitado. E a noite cai em suave silêncio, testemunhado pelo luar pascal.
Fascina-me a lua pascal a pratear magicamente campos, florestas, riachos, vales, montanhas. Ilumina as árvores da Wilde Heimat, confere serenidade. Divina quietude pacificadora. Brisa carregada de aromas noturnos; suave farfalhar de folhas; calma prece entoada pela coruja do campo. Miríades de estrelas se associam ao luar da Semana Santa.
Por hábito que vem de longe, contemplo entardeceres. Em início de outono andorinhas revoam pelo céu crepuscular; esparsas nuvens em lento movimento formam inusitadas imagens; no gramado, sombras progressivamente mais oblíquas se esvaem lentamente à medida que o sol se despede por trás das montanhas e enrubesce o céu.
Publicidade
LEIA TAMBÉM: Por tratamento digno e apropriado para cada espécie
Já percebeste como a luminosidade do sol está ficando mais dourada, mais morna, se tornando lindamente outonal? Sentes como o ar está impregnado de diferentes aromas? Sentes o sol a envolver suavemente teu corpo e não mais a ardência dos dias veranis?
Jabuticaba, caqui, butiá, araticum, goiaba, maçã, nozes, abóbora, abacate, carambola, bergamota, laranja… é natureza em dadivosa oferta outonal. As aves, os animais já não precisam sentir a fome do estio. É tempo de colheita, de Erntedank Feier. É também divino tempo de amadurecimento das frutas cítricas. O intermezzo entre verão e inverno sempre me encanta.
Publicidade
Este tempo de celebração outonal, de Semana Santa desperta em mim Frohe Osternmagias vivenciadas na infância: meu papa Erwin entrando em casa com uma braçada de marcela, quando recém havíamos acordado, ainda esfregando os olhos – Karfreitagstee orvalhado que colhera nas terras de nossa Wilde Heimat; cestas de vime recheadas de ovos coloridos; a alegria infantil na procura de ovos ocultados pelo coelho no quintal, em meio a flores, arbustos e galhos de árvores.
LEIA TAMBÉM: Fontes de vida, integradas à vida?
Saudosas reminiscências guardo da Semana Santa; do clima outonal, para o qual Eduard Mörike (1804-1875) – poeta lírico, escritor alemão – volve um sensível olhar poético.
Publicidade
Im Nebel ruhet noch die Welt,
noch träumen Wald und Wiesen;
bald siehst du, wenn der Schleier fällt,
den blauen Himmel unverstellt,
herbstkräftig die gedämpfte Welt
in warmem Golde fließen.
Na neblina ainda repousa o mundo,
ainda sonham floresta e prados;
em breve verás, quando o véu se dissipar,
o céu azul indisfarçável,
vigorosamente outonal, o mundo atenuado
fluir em morno dourado.
LEIA MAIS TEXTOS DE LISSI BENDER
Publicidade
quer receber notícias de Santa Cruz do Sul e região no seu celular? Entre no NOSSO NOVO CANAL DO WhatsApp CLICANDO AQUI 📲 OU, no Telegram, em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça agora!