Enquanto a taxa de desemprego bate recorde no País e atinge 13,7%, Venâncio Aires, à exemplo de Santa Cruz do Sul, gera emprego: foram 4.636 novos postos criados nos cinco primeiros meses do ano. Puxado pela indústria, a geração de trabalho na Capital do Chimarrão se expande não só por conta das indústrias de tabaco. Os frigoríficos, responsáveis por comercializar proteína animal no Estado e País afora, ajudam a manter a economia do município pujante.
Dados do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fumo, Alimentação e afins (Stifumo) apontam que, entre 2015 e 2017, o índice de empregabilidade entre os cinco principais frigoríficos de Venâncio – área que abrange ainda Passo do Sobrado e Mato Leitão – aumentou 15,18%. São 554 empregados, ante 514 no ano passado e 481 em 2015. Conforme o presidente da entidade, Ricardo Sehn, a produção de carne tem proporcionado uma injeção de ânimo ao município. “Não fosse alguns problemas comerciais enfrentados por um frigorífico específico, o crescimento poderia chegar a 25%”, afirma.
Um dos negócios que expandiu a produção e teve incremento de 27% na geração de postos de trabalho nos últimos dois anos foi o Frigorífico Kroth. Localizado em Linha Santa Emília, no interior de Venâncio, a empresa familiar que começou como um pequeno abate nos anos 60, emprega hoje 200 funcionários. Segundo um dos diretores do frigorífico, Fábio Kroth, carnes de primeira e segunda linha são comercializadas para praticamente todas as pontas do Rio Grande do Sul e algumas regiões de Santa Catarina. Ao todo, são 180 municípios que recebem os produtos com o selo Kroth.
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O segredo da administração para fechar a conta no positivo e passar longe das temidas demissões em massa está no planejamento. “A principal ação para não tropeçar diante da crise foi se antecipar. Depois de muito estudo, abrimos novos mercados e agregamos valor à marca apostando também em carnes mais nobres”, conta. Não é a toa que, no mesmo ritmo em que indústrias espalhadas pelo País precisaram dispensar consideráveis fatias do quadro efetivo, o Frigorífico Kroth contratou. Entre 2015 e 2017, foram 43 novos empregos.
“Procuramos crescer devagar, mas com consciência, ocupando espaços que outros frigoríficos foram deixando”. Outra estratégia adotada pelos irmãos Kroth é evitar trabalhar com grandes redes. “Os pequenos negócios dão mais atenção à qualidade do produto e nessa sistemática de valorizar a marca, nossa preferência é ir ao encontro dos pequenos açougues e supermercados e explicar a procedência da nossa carne”, finaliza.
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Aposta em novos investimentos
Em Vila Mariante, o Frigorífico Boi Gordo é outro exemplo que emprega, expande e investe. Com 119 funcionários, comercializa seus produtos de origem bovina para São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina, além do Rio Grande. Um dos motivos do crescimento de 28% no número de empregados nos últimos dois anos foi a aposta na excelência. De acordo com o responsável pelo setor financeiro, Ronaldo Roberto Rocha, o resultado da ampliação do mercado e crescimento na produção do alimento já será aplicado em melhorias na estrutura. “Estamos com investimento previsto de R$ 1 milhão para este ano. A ideia é incrementar a capacidade de refrigeração e ampliar o espaço para abate”, complementa. Em média são abatidos, hoje, cerca de 350 animais por dia no frigorífico.
Oportunidade para os jovens
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Faz pouco mais de um ano que Jacson Vilmar Santiago, 20 anos, deixou o emprego anterior em um engenho de arroz para iniciar nova etapa no Frigorífico Kroth. Contratado para atuar no setor de desossa, o jovem cumpre carga horária de aproximadamente oito horas diárias e hoje consegue se sustentar sem o auxílio dos pais. “Esse novo emprego possibilitou a minha independência. Também consigo guardar um dinheirinho. É de grão em grão que a galinha enche o papo”, brinca.
Com a nova oportunidade, Santiago afirma que tem planos de crescer no setor. Gosto de trabalhar com carne e entendo a importância desse alimento. É por isso que procuramos fazer tudo muito certo para que não haja problemas depois”. Dentre as exigências cumpridas à risca, ele destaca a higiene. Antes de entrar para a sala onde atua ao lado de outros 15 colegas, precisa, obrigatoriamente, passar pela barreira sanitária. Neste momento são verificados cabelo, unhas, barba e também a limpeza da faca que irá utilizar nas horas seguintes. “Tenho ambição de crescer aqui e vou trabalhar para alcançar esse objetivo”, finaliza empolgado.
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