A partir de um determinado nível de rendimentos, as pessoas podem ser classificadas em um de três grupos principais: as que poupam, as que acham que não conseguem e as que acham que não precisam fazer isso.
Muito se fala e se escreve sobre a necessidade de poupar. O autor americano Morgan Housel escreve em seu livro A Psicologia Financeira que não é preciso ter um motivo específico para guardar dinheiro. Diz ele que economizar sem ter um objetivo proporciona alternativas e flexibilidade; permite tempo para a pessoa pensar e ditar os rumos de acordo com o que ela quer.
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Já Reinaldo Domingos, criador da DSOP Educação Financeira e presidente da Abefin (Associação brasileira de Educadores Financeiros), insiste que o dinheiro poupado precisa ser “carimbado”, quer dizer, ter uma finalidade específica sob pena de, ante qualquer demanda, inclusive para atender ao pedido de empréstimo de alguma pessoa próxima, ser utilizado.
Muitas pessoas, por necessidade ou porque aprenderam em livros, cursos, palestras etc noções de educação financeira, começaram a poupar. Outras, já trazem de berço o hábito de poupar, vendo o exemplo de seus pais preocupados em economizar, desde o consumo de água, luz até com gastos desnecessários ou simples desperdícios, além de manterem dinheiro em poupança, fundos de investimento, planos de previdência etc.
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Muitas vezes, pessoas conhecidas por pouparem dinheiro, sofrem chacotas e são chamadas pejorativamente de “pão duras”, de tio Patinhas, lembrando o personagem das histórias em quadrinhos e de desenho animado que só penava em acumular moedas de ouro e guardá-las num cofre imenso. Existem também aqueles acumuladores que são ou pelo menos parecem avarentos.
O fato é que poupar e ser avarento são coisas diferentes. A pessoa pode poupar por prudência, para realizar um projeto, por saber se divertir de modo mais simples, porque está satisfeita com o que tem. Ou, ainda, o aumento da expectativa de vida pode explicar a necessidade e a precaução de acumular bens e dinheiro.
Já avareza é um estado de apego aos bens materiais. A pessoa acredita que a única segurança e o único valor da vida são os bens acumulados. Pode ser uma forma de não querer, de forma alguma, depender financeiramente dos familiares e parentes.
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Causas comuns da avareza, principalmente em pessoas de mais idade, podem ser a insegurança e a desconfiança em relação ao ambiente e às pessoas: dificuldades financeiras com experiências passadas; a possibilidade de sofrer um golpe; o receio de perder o valor acumulado com a impossibilidade de recuperá-lo pela idade avançada; e a desconfiança em relação às intenções das pessoas ao redor.
A avareza pode impactar a qualidade de vida de uma pessoa por não cuidar de si mesma como poderia e deveria. Pode fazer com que ela perca o interesse pela vida, pelas pessoas, sendo motivo de adoecimento. Ao mesmo tempo, a avareza pode gerar ambiente hostil, afetando os relacionamentos familiares e sociais. No caso em que a pessoa se recusa a conviver ou a receber pessoas, acaba inviabilizando os relacionamentos.
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Por mais contraditório que possa parecer, a pessoa avarenta, muitas vezes, tem por objetivo doar. Sim, ela é modesta com os seus próprios gastos porque pretende poupar e acumular o máximo possível de bens para doá-los a herdeiros porque, no íntimo, ela acredita que eles não terão condições de cuidar de si mesmos e construir suas próprias autonomias financeiras.
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Em contraste aos poupadores, muitas vezes avarentos, que só pensam em acumular dinheiro e bens, há também aqueles que acabam endividados, o que na velhice é mais dramático. Quando uma pessoa só pensa em acumular dinheiro no lugar de aproveitar a vida, pode ser que exista algo errado e que precise de ajuda profissional. O papa Francisco diz que “a avareza é uma doença do coração, não do bolso”.
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