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Francisco Teloeken: “Os netos precisam entender o valor do dinheiro e respeitar o orçamento dos avós”

No último dia 26 de julho, comemorou-se, no Brasil, o Dia dos Avós. A data foi escolhida em homenagem ao dia de Santa Ana e São Joaquim que, segundo a tradição da Igreja Católica, são os pais de Maria e, portanto, avós de Jesus Cristo. As datas das festas do casal de santos eram distintas e foram juntadas, num único dia – 26 de julho -, pelo Papa Paulo VI.

Com as mudanças do mundo, de comportamento e de gerações, o perfil dos vovôs e das vovós também se transformou, ganhou novas cores e contornos. A imagem dos bons velhinhos, mais quietos, guardiões das tradições familiares e repletos de sabedoria incontestável não é mais a mesma. Mesmo sendo cada vez mais ativos, participativos e presentes na vida dos netos, são frequentemente questionados ou até contestados por esses, principalmente quando envolvem usos e costumes.

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Mas, se as relações entre avós e netos ainda são gostosas e saudáveis, com eventuais ignorâncias tecnológicas, de costumes ou de linguajar, levadas com bom humor, na brincadeira, o mesmo não ocorre, muitas vezes, entre avós e pais, marcadas eventualmente por tensões. Isso se manifesta, no mais das vezes, por divergências sobre a educação a ser dada aos netos.

É a avó que quer dar aquele chazinho para cólica do bebê, com a forte resistência ou até a negação determinada da mãe que segue à risca o conselho do pediatra. Ou é o avô que dá um doce ao neto, meia hora antes do almoço, contrariando as regras da casa. Enfim, desavenças surgem entre pais e avós, quase sempre por motivos menores e que poderiam ser reduzidas com o empenho e paciência de todos.

Em novembro de 2020, viralizou na internet um post, na qual as pessoas deixam perguntas e pedem a opinião de outros. Na postagem, a avó perguntava se era correto ela cobrar um valor mensal para cuidar do neto, enquanto a filha retomava a sua atividade profissional, depois da licença-maternidade. Com opiniões a favor e contrárias, as duas mulheres optaram que a avó assumiria os cuidados do neto e a mãe pagaria um valor negociado pelo serviço.  

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Reportagem do site G1 apurou que não é tão rara a contratação formal de avós para cuidarem de netos, recebendo dinheiro por isso e até os diretos previstos na CLT. Uma das mães explica que chegou a buscar outras possibilidades como creches e escolas. Mas, ter o bebê sendo cuidado pela avó seria uma opção melhor para manter o laço familiar. Uma das avós revelou que faz isso por amor e só aceitou o dinheiro por necessidade financeira.

Além dessas questões que podem chocar muita gente, o aumento da longevidade permite um maior convívio entre avós e netos. Muitos pais e mães que trabalham fora passaram a contar com o apoio dos avós, deixando os filhos sob os cuidados deles. O problema é encontrar a medida certa para não entrar em conflito com os filhos na educação dos netos. Não é incomum ouvir-se que os “avós estragam os netos”, com excesso de mimos.

Além de muitos valores que avós podem compartilhar com os netos – honestidade, tolerância, respeito, bondade/generosidade, amabilidade, caráter, responsabilidade – é importante que os progenitores demonstrem seu amor, também pelo lado financeiro.

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Os netos de qualquer idade precisam entender o valor do dinheiro e não achar que podem pedir e ganhar livremente itens de consumo sem respeitar o orçamento dos avós. Os avós, por sua vez, precisam ter responsabilidade com os “mimos” para os netos. Quando há exagero no ato de presentear, os netos podem não perceber o custo desse cuidado e carinho, achando que estão por merecer esses mimos.

Para influir positivamente com princípios financeiros na relação entre avós e netos, o Programa de Educação Financeira da Previnorte relacionou algumas recomendações:

  • 1ª) ajudar seus netos a entenderem que dinheiro não é o que mais importa: claro que é necessário ter uma renda para ter uma vida digna, mas pessoas com mais experiência sabem que só dinheiro não é garantia de felicidade;
  • 2ª) nem toda atividade precisa de dinheiro para ser divertida: a própria valorização do tempo em que passam juntos não deve ter preço;
  • 3ª) compras devem ter regras: os netos não precisam receber brinquedos caros ou acessórios de marca toda vez que encontram seus avós;
  • 4ª) ensinar aos netos o que custa mais ou menos dinheiro: nem todo valor é permitido, havendo necessidade de cotar e comparar preços, eventualmente até descartando alguma compra.

O melhor caminho para os avós ajudarem na educação financeira das crianças é “combinar regras”. Na questão da mesada, por exemplo, não adianta os pais determinarem um valor mensal se os avós derem dinheiro o tempo todo para a criança ou, então, a socorrerem financeiramente ante eventual pedido ou até necessidade.

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Isso não significa que não possam dar o dinheiro, mas que seja feito com o conhecimento e aprovação dos pais. Outra forma de educar financeiramente os netos é não dar tudo o que a criança deseja, o que todo mundo sabe, mas poucos conseguem fazer. A criança quer comprar algo? Deixe que ela se esforce e junte um valor para só então ajudá-la.

Por fim, se a família se preocupa com a educação financeira das crianças, lições sobre o uso consciente do dinheiro podem fazer parte da relação entre avós e netos. Claro, sempre de acordo com o que pensam os pais, consultando-os antes de tomar qualquer atitude a respeito que envolva os netos.

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Carina Weber

Carina Hörbe Weber, de 37 anos, é natural de Cachoeira do Sul. É formada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e mestre em Desenvolvimento Regional pela mesma instituição. Iniciou carreira profissional em Cachoeira do Sul com experiência em assessoria de comunicação em um clube da cidade e na produção e apresentação de programas em emissora de rádio local, durante a graduação. Após formada, se dedicou à Academia por dois anos em curso de Mestrado como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Teve a oportunidade de exercitar a docência em estágio proporcionado pelo curso. Após a conclusão do Mestrado retornou ao mercado de trabalho. Por dez anos atuou como assessora de comunicação em uma organização sindical. No ofício desempenhou várias funções, dentre elas: produção de textos, apresentação e produção de programa de rádio, produção de textos e alimentação de conteúdo de site institucional, protocolos e comunicação interna. Há dois anos trabalha como repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, tendo a oportunidade de produzir e apresentar programa em vídeo diário.

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