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Francisco Teloeken: o que é necessário saber sobre educação financeira no início da atividade profissional

Outro dia, uma odontóloga comentava que, ao abrir o próprio consultório, deu-se conta que, além de atender às necessidades de pessoas, para o qual sentia-se preparada tecnicamente, estava iniciando um negócio empresarial, sobre o que nada ou muito pouco sabia. Em linha com esse desabafo, Thiago Godoy, head de educação financeira da XP Inc e especialista em psicologia do dinheiro e bem estar financeiro, pulicou o artigo O que eu gostaria de saber sobre dinheiro no início da minha vida profissional.

O início da vida profissional, seja como autônomo, empresário ou empregado, geralmente é marcado por desafios, incertezas e ansiedade. Mesmo tendo frequentado faculdade ou curso técnico, um assunto de extrema importância não constava nas grades curriculares ou nos tópicos de algum curso: o dinheiro. A maioria dos que receberam seu primeiro pró-labore, remuneração por prestação de serviço ou salário logo trataram de comprar aquele item com o qual sonhavam desde o primeiro dia de trabalho ou até antes. São pouquíssimas as pessoas  que se preocuparam em guardar pelo menos uma parte daquele dinheiro, enquanto pensavam e pesquisavam  em algum investimento para a realização de sonhos.

Conta o especialista Thiago Godoy que só depois de vários anos, tendo inclusive vivido um período em endividamento, percebeu que, se tivesse passado por algum treinamento em educação financeira nos primeiros anos de atividade profissional, poderia ter acumulado, com apenas 10% da renda mensal, uma boa reserva financeira. A partir da experiência dele de falta de educação financeira, que poderia ter tornado a vida mais próspera, e preocupado com as pessoas que estão entrando no mercado de trabalho, Godoy lista algumas dicas que gostaria de ter recebido, no ensino médio e na faculdade, e que podem ser aproveitadas por pais ou responsáveis para orientar filhos e enteados:

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  1. O significado do dinheiro: é apenas uma unidade de troca, muito eficiente, que permite comprar coisas com ele; crenças limitantes sobre dinheiro (como “pessoas ricas são más”, “dinheiro é sujo”, etc) não são verdades e atrapalham a maneira de lidar com ele.
  2. Não se comparar e apenas fazer a sua parte: sempre haverá alguém que tem mais dinheiro e o que se vê nas redes sociais nem sempre é a verdade; assuma total responsabilidade pelas consequências de suas decisões financeiras.
  3. Desafios e oportunidades de dinheiro: o dinheiro investido hoje, ainda mais se for no início da atividade profissional, com o poder dos juros compostos ou valorização do mercado de ações, dependendo do tipo de investimento, vai dar maior tranquilidade financeira para a aposentadoria;
  4. A “armadilha do padrão de vida”: à medida que cresce a renda, é comum as pessoas aumentarem também  o padrão de vida, às vezes em proporção maior; a dica é procurar aumentar a renda, mas cuidar para que o padrão de vida não “coma” essa diferença.
  5. Invista em si mesmo: em tempo e dinheiro para melhorar as habilidades, conhecimentos contatos e reputação; é o melhor investimento que se pode fazer;
  6. Mantenha uma reserva financeira estratégica: valor equivalente a seis meses do custo de vida, aplicado em investimento de baixo risco e liquidez imediata; evitar as palavras “emergência”  ou “imprevisto”, com conotação negativa, porque a mente tem o péssimo hábito de atrair o que se pensa, fala ou escreve; além do mais, a reserva pode ser usada de forma positiva, para aproveitar uma oportunidade vantajosa de negócio, de compra, etc.
  7. Calcule o valor da independência financeira e se esforçar para conquistá-la: independência financeira é não precisar mais fazer o escambo do tempo com terceiros. Quer dizer, não precisar mais trabalhar por dinheiro, tendo conquistado o poder definitivo de escolhas em relação ao tempo, com o acúmulo de investimentos que geram renda passiva.
  8. Construa boas relações: existe uma regra que diz que “você é a média das cinco pessoas com quem você mais convive”;  se as pessoas com quem alguém convive ou os melhores amigos são perdulários ou materialistas e não respeitam nem entendem o dinheiro, é provável que vão se comportar de maneira igual.

Há pouco mais de 20 anos, começou-se a falar e escrever, no Brasil, em finanças pessoais, o que, recentemente, evoluiu para educação financeira. Embora sejam sinônimas para muitas pessoas, até especialistas, elas têm diferenças fundamentais. Enquanto finanças pessoais tratam de técnicas – pesquisar preços, saber fazer alguns cálculos, elaborar e acompanhar um orçamento, preencher planilhas, conhecer produtos financeiros etc – a educação financeira, além das técnicas das finanças pessoais, na definição de Reinaldo Domingos, criador e mentor da DSOP Educação Financeira, “é uma ciência humana que busca a autonomia financeira, fundamentada por uma metodologia baseada  no comportamento, com o objetivo de construir um modelo mental que promova a sustentabilidade, crie hábitos saudáveis e proporcione o equilíbrio entre o SER, o FAZER, o TER e o MANTER, com escolhas conscientes para a  realização de necessidades e sonhos”.

O conhecimento técnico é importante, mas o comportamento é fundamental. E quanto mais cedo for incorporado  – saber fazer escolhas, adquirir o equilíbrio entre necessidades, desejos e sonhos -,  mais ele será praticado no desenvolvimento cognitivo, vida afora. Qualquer hábito prejudicial – impulsividade e impaciência, pagar contas com atraso, uso excessivo do cartão de crédito, poupar apenas se e quando sobrar, pensar apenas no hoje etc – pode derrubar o melhor planejamento financeiro.

A independência financeira ou aposentadoria sustentável podem ser alcançadas por meio de atitudes praticadas ao longo da vida, cujo objetivo principal é buscar a construção de reserva financeira. Essa conquista pode ser mais fácil com educação financeira. Para as crianças e jovens, a educação financeira já está inserida, desde 2020, como tema transversal do ensino fundamental e médio, na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Além disso, existem inúmeras iniciativas, públicas e privadas, que estão disseminando esse conhecimento para os brasileiros.

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Heloísa Corrêa

Heloisa Corrêa nasceu em 9 de junho de 1993, em Candelária, no Rio Grande do Sul. Tem formação técnica em magistério e graduação em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo. Trabalha em redações jornalísticas desde 2013, passando por cargos como estagiária, repórter e coordenadora de redação. Entre 2018 e 2019, teve experiência com Marketing de Conteúdo. Desde 2021, trabalha na Gazeta Grupo de Comunicações, com foco no Portal Gaz. Nessa unidade, desde fevereiro de 2023, atua como editora-executiva.

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