A maioria das pessoas, certamente, concorda que é gostoso gastar dinheiro. O assunto já foi comentado neste espaço, em artigo de 25 de junho de 2022 – Gastar dinheiro é gostoso. Além de quatro motivos principais que tornam gostoso gastar dinheiro – satisfação pessoal, sensação de poder, recompensa imediata e recuperação do humor -, há duas condições iniciais: ter o dinheiro em espécie para gastar ou o crédito em cartões.
Olhando para a realidade brasileira, pesquisa do Datafolha, efetuada nos dias 22 e 23 de junho, apurou que 63% das 2.556 pessoas entrevistadas, em 181 cidades, não ganham o necessário e tem problemas financeiros. Desse contingente, 37% disseram que o dinheiro da família hoje não é suficiente; outros 26% afirmaram que ganham muito pouco. Em contrapartida, há poucos dias, o IBGE informou que a taxa de desemprego caiu para 9,8% no trimestre encerrado em maio, mas, ainda são mais de onze milhões de desempregados.
Apesar do dado positivo da volta de empregos, a situação econômica atual continua difícil, principalmente para quem não tem renda nenhuma ou tem renda familiar de até dois salários mínimos. Do lado dos empregos, a média de salários está 7,2% menor que há um ano, e do consumo, principalmente dos itens básicos da alimentação, energia, transporte e combustível, a inflação está corroendo grande parte dos ganhos das pessoas. Portanto, mesmo que essas pessoas gostassem de gastar dinheiro, não teriam como fazê-lo.
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Do ponto de vista biológico, a maioria das pessoas liga o dinheiro à recompensa, conforme explicação do neurocientista Aristides Brito. Mas, talvez a mesma maioria luta com escassez de recursos. Parece que a conta – o gosto de gastar e a falta de dinheiro – não fecha. É preciso, então, “enganar” o cérebro, ensinando-o a gastar menos. No artigo Gastar menos dinheiro é possível: saiba como treinar seu cérebro, o Instituto Longevidade-MAG relaciona sete recomendações para gastar menos e iniciar o acúmulo de uma reserva ou até independência financeira:
É muito importante que o consumidor saiba que está sujeito às influências de suas emoções que podem prejudicar seu bolso e prestar atenção nos próprios comportamentos. Por exemplo, quando sai de casa, decidido a comprar algo específico ou com uma lista de itens do supermercado, nem sempre retorna só com aquilo que tinha se proposto inicialmente. Às vezes, a cuidadosa arrumação dos produtos na prateleira foi pensada para induzir o cliente a fazer uma compra não prevista por ele, mas que despertou nele algum sentimento. Por isso, vale a pena lembrar-se daqueles avisos colocados nas passagens dos trens: parar, olhar, escutar. O treino permanente do cérebro pode ajudar a tomar decisões mais racionais, evitando dívidas desnecessárias e arrependimentos.
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