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Francisco Teloeken: “Amigos secretos, amores ou ódios nem tanto”

O fim de ano não é só marcado pelos dias do Natal e Ano Novo. É um tempo em que gente corre para resolver pendências e, em alguns casos, ainda tentar salvar o ano. As agendas estão cheias de reuniões, compromissos e eventos de confraternização nas famílias, empresas, associações de classe, grupos de amigos ou interesses comuns, igrejas, condomínios, escolas etc. É a famosa “dezembrite”, a síndrome do fim de ano. Haja energia física e emocional, além de muito dinheiro no bolso, no banco ou crédito no cartão para enfrentar essa relação de despesas extras.

Uma dessas atividades é o amigo secreto. Reinaldo Domingos, criador da DSOP Educação Financeiro, além de autor de livros, palestrante e PhD em educação financeira, sugere realizar, também nas famílias, o amigo secreto “inteligente”. Em vez de cada um comprar presentes para todos – esposa, filhos, pais, sogros, tios, sobrinhos etc -, o que pode sobrecarregar financeiramente apenas o provedor da família, cria-se o amigo secreto, estabelecendo um valor do presente.

Com todo mundo de acordo, faz-se o sorteio dos amigos secretos, cabendo a cada um pesquisar para saber o que o seu amigo precisa ou gostaria de receber.  Assim, na noite de Natal, após a ceia, com a família reunida, feliz, num ambiente gostoso de confraternização, realiza-se a revelação dos amigos secretos.

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Nas empresas, costuma-se realizar a tradicional festa de confraternização de fim de ano. Às vezes, só de setor. Outras, com todos os departamentos, filiais e até com a participação de clientes especiais e colaboradores externos. Como “esquenta” do grande evento, a brincadeira que não pode faltar: o amigo secreto ou amigo oculto.

Para alguns, a atividade é chata, aborrecida.  Para outros, oportunidade de brincar com os colegas, de mandar mensagens e, em alguns casos, de apelações ou até bulling. Dependendo dos antecedentes, é prudente estabelecer algumas regrinhas básicas, evitando-se que a brincadeira vire motivo de piada, fofoca ou até de desavenças pessoais.

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Tudo começa com o sorteio dos amigos e das amigas secretas. O resultado aleatório pode, eventualmente, revelar o lado sombra das pessoas, expondo conexões suspeitas entre os envolvidos, principalmente quando existem comentários maldosos, fofocas ou subalianças perversas nos grupos. De acordo com a reação facial e corporal das pessoas, ao identificarem o nome do amigo secreto, escrito no bilhete “sorteado”, é possível imaginar o que se passa no íntimo daquela pessoa, sem necessidade de recorrer às técnicas da leitura labial ou corporal.

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Alguns ficam indiferentes com o amigo ou a amiga que a lei da probabilidade colocou em seu caminho. Outros, chateados, embora procurem disfarçar esse sentimento. Poucos, eufóricos, principalmente quando se trata de pessoa com quem já tem maior afinidade ou alguém especial da qual gostariam de se aproximar. Há, ainda, os que procuram negociar a troca de seu amigo, alegando vários motivos, sem muitas vezes, admitirem que, na realidade, não se sentem à vontade com determinada pessoa, quando não a odeiam. Tem quem resolve essa situação, com a maior cara de pau, devolvendo o bilhetinho e retirando outro…

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Certamente, uma das principais recomendações do amigo secreto é ater-se ao valor estipulado. Na empresa, pode ser o gerente ou até o proprietário que participa da brincadeira, e a pessoa querer agradar com um presente de maior valor. Em grupos de atividades ou de amigos, em que podem existir diferenças variadas, como a financeira, pessoas podem sentir-se na obrigação de dar um presente maior só porque seu amigo secreto é alguém importante ou muito bem de vida. Na verdade, o amigo é secreto, mas o limite do presente, não.

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Em alguns eventos, são organizadas listas de pedidos ou murais onde as pessoas expõem seus desejos. Alguns participantes pedem vale-presente de determinada loja ou até preferem o valor estipulado em dinheiro. Para quem vai presentear é muito cômodo e prático, mas pode frustrar o objetivo da brincadeira que é unir os integrantes, levantar o astral e preparar o espírito das pessoas para a festa e para o próximo ano.

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Se o amigo secreto é alguém com quem se mantém apenas relacionamento superficial, como acontece em grupos ou na firma, é um desafio descobrir um pouco sobre aquela pessoa, seus gostos, ideias e desejos. Por esse caminho, procurar saber o que a pessoa gostaria de receber ou até precisa, consultando, se for o caso, pessoas próximas dela. 

Lembrar-se que presentear alguém envolve mais do que a mera compra de um objeto. É claro que é possível que o presente não agrade, mas é importante o amigo secreto ver naquele presente uma declaração explícita do quanto se importou com ele e o empenho que se teve em querer agradá-lo.

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Outra questão importante é com relação a participar, ou não, do amigo secreto. Principalmente em empresas, recusar o convite pode passar a ideia de ser uma pessoa antipática, sem comprometimento e que não está nem aí para o grupo. Pior ainda: não participar e ainda criticar o evento. Ou, então, participar – afinal, pode “pegar” mal excluir-se – mas fazer comentários negativos, dizendo que detesta a “palhaçada”, que o valor estipulado é muito baixo ou muito alto e que sempre sai no prejuízo.

Confraternizar é importante e é pena que, principalmente nas empresas, ocorra penas em fim de ano. É um evento em que podemos aprender muito e, também, ensinar, além de termos a oportunidade de conhecermos colegas incríveis, podendo ativar ou melhorar nosso networking.

A simples revelação e a entrega do presente ao amigo secreto pode ser um ato de criatividade e de graça, dando a oportunidade de a pessoa mostrar um talento ou uma criatividade que talvez fossem desconhecidas pelos demais participantes. Numa empresa, por exemplo, uma funcionária da limpeza surpreendeu, declamando um poema de sua autoria, em homenagem ao amigo secreto, quando revelou que já tinha até um livro publicado, o que os demais desconheciam.

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Carina Weber

Carina Hörbe Weber, de 37 anos, é natural de Cachoeira do Sul. É formada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e mestre em Desenvolvimento Regional pela mesma instituição. Iniciou carreira profissional em Cachoeira do Sul com experiência em assessoria de comunicação em um clube da cidade e na produção e apresentação de programas em emissora de rádio local, durante a graduação. Após formada, se dedicou à Academia por dois anos em curso de Mestrado como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Teve a oportunidade de exercitar a docência em estágio proporcionado pelo curso. Após a conclusão do Mestrado retornou ao mercado de trabalho. Por dez anos atuou como assessora de comunicação em uma organização sindical. No ofício desempenhou várias funções, dentre elas: produção de textos, apresentação e produção de programa de rádio, produção de textos e alimentação de conteúdo de site institucional, protocolos e comunicação interna. Há dois anos trabalha como repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, tendo a oportunidade de produzir e apresentar programa em vídeo diário.

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