Antes de começarmos a querer mudar o nosso comportamento, temos que dar uma olhada onde tudo se inicia: na mente humana. Muitas pessoas acham que os problemas relacionados ao dinheiro têm origem na ignorância a respeito do complicado mundo das finanças e, erroneamente, acreditam que a solução está em reunir informações, colecionar mais dicas e estratégias para administrar e investir.
Talvez isso ajude algumas pessoas; entretanto, para a maioria, falta de informação não é o problema. Os fundamentos da saúde financeira são, na realidade, bastante simples, e mais conselhos sobre economizar mais e gastar menos não serão de grande ajuda. A psicanalista Márcia Tolotti, autora de diversos livros, como Linha de Chegada – O poder do hábito e da disciplina para conquistar suas metas, diz que existem duas razões principais para uma pessoa não ter dinheiro: ou ela de fato ganha pouco (um salário mínimo para sustentar uma família, às vezes acrescida de familiares) ou está presa a um ciclo de autossabotagem.
A especialista esclarece que é fundamental conhecer-se e saber qual é a relação que a pessoa tem com o dinheiro. Como autossabotagem, Márcia se refere aos seguintes perfis da psicologia financeira:
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- Crença limitante financeira: a pessoa acredita que não é merecedora e que não vai conseguir manter as finanças equilibradas; inconscientemente, a pessoa toma decisões de forma a repetir o padrão e ficar sem dinheiro;
- Escravo das dívidas: a pessoa consegue pagar as dívidas, mão não consegue juntar dinheiro;
- Endividado ativo: pessoa com esse perfil entra e sai de dívidas várias vezes ao ano; o endividamento emocional (causado por culpa, insegurança, baixo autoestima) é o gatilho para fazer dívidas;
- Vitimado financeiro: do ponto de vista financeiro, é o pior modelo mental; são pessoas inadimplentes e com grandes dívidas, muitas vezes, impagáveis, que não conseguem responsabilizar-se por suas decisões, acreditando que a vida financeira ruim é culpa de alguém ou de alguma situação, nunca delas.
Tem gente que gasta como se não houvesse amanhã ou só se dá conta da realidade quando a maquininha do cartão diz “transação não autorizada”. Outras pessoas anotam tudo o que gastam, todos os dias, e deixam de ter certos prazeres por insegurança. Também tem aquelas com pavor de qualquer investimento que não seja a poupança, sem qualquer risco até R$ 250 mil por CPF, em cada banco, mas que rende tão pouco.
Nenhum consultor, por melhor que seja, terá a resposta certa para as dúvidas financeiras de qualquer pessoa simplesmente porque o único lugar onde essas respostas podem ser encontradas é dentro da pessoa. Por isso, o autoconhecimento é um caminho seguro para entender as próprias finanças. O psicólogo Luiz Francisco Jr., professor da Faculdade Autônoma de Direito de São Paulo (Fadisp), mostra três passos para isso:
- A importância de saber como a pessoa se comporta: a partir do momento em que a pessoa conhece bem as próprias necessidades, carências e pontos fracos, é possível saber as razões pelas quais ela se descuida nas finanças. Se está insegura, ela acaba gastando demais com roupa para mudar algo na aparência, achando que precisa de um “up” na autoestima; tentar preencher um vazio com compras é bastante comum. Diante de gastos inesperados, gerando dificuldades financeiras, a situação emocional pode piorar, quer dizer, o que estava ruim, piorou.
- Dinheiro é muito mais do que fazer contas: para ter controle sobre as contas é preciso calcular, ser rígido com os números e saber somar e subtrair. Mas, dinheiro, além de fatores matemáticos, representa poder de compra e nível social, assim como proporciona cultura e conhecimento, além de outros aspectos.
- O comportamento e os resultados financeiros: do ponto de vista psicológico, para alguém ter uma vida financeira saudável, é preciso entender quais são as dificuldades, angústias e os pontos sensíveis que levam à má gestão dos recursos financeiros. Quem está com a vida financeira complicada, precisa ir além das questões práticas, como ter uma planilha de controle. Claro que é fundamental analisar e ter controle do que se ganha e se gasta, mas quando a pessoa vive mergulhada em dívidas é sinal de alguma compulsão, uma fuga nas compras para compensar momentos de estresse ou insegurança. O emocional e o racional precisam andar juntos.
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