Já faz algum tempo, talvez dois ou três anos, que as empresas de bet começaram a aparecer, principalmente em comerciais da televisão. Provavelmente, a maioria das pessoas nem sabia o que significava a palavra inglesa bet – em português, aposta – , quem dirá suas atividades. Talvez fossem apenas patrocinadoras de clubes de futebol.
Hoje, as pessoas já sabem que as empresas bet promovem, junto com outras plataformas, como o tigrinho, o coelhinho, o ursinho, cassinos etc jogos ou apostas online. O que parecia ser apenas uma forma de diversão ou simples distração, contando com a facilidade de poder ser acessado de casa através do celular ou do computador, acabou se revelando fonte de muitos problemas familiares, profissionais, sociais, mentais.
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Um estudo do Banco Itaú, divulgado em 13 de agosto deste ano, divulgou números que parece que despertaram instituições da sociedade e o governo federal para uma verdadeira crise social que está se formando. De julho de 2023 a junho de 2024, apostadores brasileiros destinaram R$ 68,2 bilhões para sites de apostas e outros jogos online.
O estudo do Itaú não identificou redução no comércio varejista que poderia ser causada pela utilização de re ursos financeiros em jogos online, o que, obviamente, parecia estranho porque as pessoas não tiveram aumento de ganhos tão extraordinários que lhes permitissem sobras de dinheiro para gastar com serviços recreativos, sem diminuir ou até sacrificar o consumo de itens de sobrevivência ou de maior necessidade.
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Mas, a conta da relação entre gastos de apostas e consumo não demorou a aparecer. Conforme matéria do Portal Gaz, de 31/10/2024, com o título de Varejo sente impacto das Bets, várias entidades, de abrangência nacional, estadual e regional já constataram que as vendas no varejo desaceleraram e a inadimplência aumentou, possivelmente como consequência dos gastos com bets.
De acordo com estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o prejuízo anual seria de R$ 117 bilhões, com expectativa de R$ 150 bilhões até o fim deste ano. É uma montanha de dinheiro que deixa de ser gasto no consumo de bens e serviços, como itens básicos de comida e roupas, além de contribuir para o acúmulo de dívidas.
Na mesma matéria, o Portal Gaz ouviu a respeito o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Santa Cruz do Sul e região (Sindilojas-VRP), Mauro Spode, que avalia a situação como preocupante. Diz ele que, embora Santa Cruz do Sul tenha um dos menores índices de inadimplência do Estado, mantendo-se estável, os impactos no custo do crédito, decorrentes da inadimplência, já são experimentados pela alta dos juros.
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O fato é que a explosão das apostas online no Brasil tem gerado enormes desafios. Vários estudos e estatísticas apontam os danos financeiros, sociais e emocionais que as bets tem causado. Dados do levantamento feito pelo Instituto Locomotiva sobre o perfil dos apostadores revelam que 79% pertencem às classes C, D e E; 86% têm dívidas e 64% estão com o nome sujo. Não causa surpresa que, conforme análise do Banco Central, no mês de agosto, beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões em bets.
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