Rio Pardo

FOTOS: Rio Pardo realiza um de seus maiores desfiles farroupilhas

O tilintar dos cascos dos cavalos ecoou por toda a extensão da Rua Andrade Neves, em Rio Pardo, na tarde dessa quarta-feira, 20 de setembro. Em um de seus maiores desfiles farroupilhas já realizados, a cidade, um dos berços do tradicionalismo gaúcho, também deu exemplo de solidariedade com a arrecadação de alimentos e donativos para os atingidos pela enchente, durante a atividade. A estimativa é de que 800 cavalarianos de mais de 20 entidades tenham participado da cavalgada, acompanhados de 30 veículos temáticos (carros, charretes e caminhões), totalizando em torno de 3 mil pessoas. Sob os olhares atentos do público, que lotou as calçadas em praticamente todo o trecho, os cavaleiros portavam a Chama Crioula, numa expressão de orgulho pelo Rio Grande do Sul.

A Chama foi conduzida por Marco Reis, coordenador campeiro e capataz do PTG Tio Bilinha, da comunidade São Pedro, em Passo da Areia. A entidade, que completou seus 25 anos de fundação na quarta, fez a abertura do desfile e foi uma das responsáveis por buscar a centelha no município de Cristal, no Sul do Estado, nesse ano. Em entrevista à Gazeta do Sul, antes do início do desfile, Reis disse que foram percorridos 190 quilômetros para fazer o acendimento, cujo local foi em frente à casa onde viveu o general Bento Gonçalves, líder da Guerra dos Farrapos. “Buscamos a centelha no dia 18 de agosto e a conduzimos até a sede do PTG, onde chegamos no dia 25 de agosto. Depois, fizemos ronda por mais de 30 dias para manter acesa a Chama que foi levada ao desfile”, disse.

O público emoldurou o desfile em praticamente todo o trecho da Rua Andrade Neves | Foto: Rafaelly Machado

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Ao todo, o PTG Tio Bilinha contou com aproximadamente 100 cavalarianos no desfile farroupilha. Nesse ano, a entidade homenageou um de seus integrantes mais antigos, Nicolau Linhares, popularmente chamado de “Có”, ativo desde a fundação do PTG e da construção da sede, e que participa de todas as cavalgadas para acendimento e busca da centelha, bem como dos desfiles.

Já o CTG Rodeio da Saudade, segunda entidade a desfilar, levou 300 cavalarianos, divididos entre o CTG e seus sete piquetes. Conforme um de seus integrantes, Leandro Silva, que ajudou na organização, a entidade tem 55 anos de história e tem ajudado a manter vivo o tradicionalismo no município. Esse mesmo propósito, aliás, podia ser visto entre os participantes que ocuparam os veículos temáticos, como os representantes de invernadas.

Leandro Silva, do CTG Rodeio da Saudade: entidade levou 300 cavalarianos para a via | Foto: Rafaelly Machado

Em meio ao público, foi igual o sentimento de reverência às tradições. A dona de casa Joice Pinto, 40 anos, de Rio Pardo, por exemplo, levou o filho Jeremias, de um ano e um mês, pilchado a rigor, para o seu primeiro desfile. Ela e o marido, o mecânico Gustavo Barros, 40 anos, integram o CTG Os Minuanos e o PTG Rastro de Casco, de Rio Pardo, e têm por hábito a participação nos festejos farroupilhas. Enquanto Joice acompanhava os preparativos para o início do desfile, Gustavo ensaiava no “cajon”, em um dos caminhões temáticos, junto com outros músicos, para animar o desfile com música. “A gente sempre participa e agora pretende ensinar tudo para ele”, disse, se referindo ao filho.

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Outra mãe atenta a preservar o tradicionalismo em família e que esteve no desfile foi a aposentada Edorilda Spengler, 70 anos, de Santa Cruz do Sul. Vestida de prenda, ela foi prestigiar dois de seus filhos, Samuel e Lucas, que haviam sido convidados a desfilar. “A gente gosta muito de CTG e sempre dei apoio a eles para participar. Sempre que podemos, acompanhamos as programações na Semana Farroupilha. Como não teve o desfile em Santa Cruz nesse ano, aproveitamos para vir aqui para Rio Pardo”, informou. A organização do desfile esteve a cargo da Secretaria Municipal de Turismo e Cultura.

Joice e Jeremias: mãe e filho no evento
Edorilda foi para prestigiar os seus filhos

Quem desfilou

As entidades que participaram do desfile farroupilha foram: PTG Tio Bilinha, CTG Rodeio da Saudade, Amigos da Abelina, Agaro, Salto no Estribo, Amigos da Pederneiras, PTG Pátria Pampa, PTG Fazenda São Miguel, PTG Freio de Ouro, CTG Estância de Rio Pardo, PTG Estância de João Rodrigues, PTG Capão Nativo, PTG Beira Rio, PTG Fleco do Redomão, CTG Os Minuanos, PTG Rastro de Casco, PTG Centro de Doma Farias, CTG Tropilha Crioula, PTG Aporreados da Fortaleza, PTG Alves e Faleiro, PTG Pedro Fio, PTG Amizade Crioula e PTG Chapéu Preto.

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Doações continuam

Na avaliação da secretária municipal de Turismo e Cultura de Rio Pardo, Rosi Paim, a grandiosidade do desfile não se deu apenas em número de público, mas também por seu caráter solidário. “A atividade é muito importante para a cidade e para cultivar as tradições. No desfile deu para perceber isso, com a participação das crianças e dos idosos, mas creio que, nesse momento, em especial, representa a empatia e o pensar no outro, porque teve esse caráter solidário”, destacou. Ela também explicou que os alimentos arrecadados entre os participantes do desfile foram entregues no acampamento farroupilha e durante a concentração dos cavalarianos ocorrida nas proximidades da Igreja Santo Amaro, no Bairro Boa Vista. Todos os donativos, conforme a secretária, serão direcionados para a Secretaria de Assistência Social, que ficará responsável por fazer a destinação às famílias. As doações ainda podem ser feitas nas secretarias de Assistência Social e de Turismo e Cultura.

A programação da Semana Farroupilha de Rio Pardo encerrou com a extinção da Chama Crioula, na sequência do desfile, e com o show animado pelo grupo Pegadão Gaúcho, no Acampamento Farroupilha.

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Guilherme Andriolo

Nascido em 2005 em Santa Cruz do Sul, ingressou como estagiário no Portal Gaz logo no primeiro semestre de faculdade e desde então auxilia na produção de conteúdos multimídia.

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