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LINHA JOÃO ALVES

FOTOS: o “ecorrefúgio” de Ane Schweickardt

Foto: Rafaelly Machado

Ane Lore Schweickardt preserva a mata em sua propriedade e ainda produz, de maneira orgânica, frutas e verduras

Há mais de duas décadas, para curar-se da depressão e fugir do corre-corre da vida urbana, Ane Lore Schweickardt optou por morar no interior. Hoje, ela administra 24 hectares de uma propriedade rural em Linha João Alves, em Santa Cruz do Sul. E no lugar onde, no passado, existia uma pedreira, agora já se destaca um tesouro natural.

As terras que se recuperam da extração de pedra já têm o aspecto da mata original. Além disso, em uma pequena área, a aposentada também cultiva alimentos orgânicos e se diz realizada em meio ao verde.

Antigamente a família de Ane vivia da extração de pedras de alicerce na propriedade. Com a desativação da pedreira, uma diversidade de plantas, árvores frutíferas e animais voltou a tomar conta do lugar. “Temos macacos e até veados, e são veados bem gordinhos”, diz ela.

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Boa parte das terras que ela cuida está se transformando em uma nova floresta. Uma nascente que nunca deixa de verter água sugere que, naquele solo, a estiagem dos últimos meses parece ter passado longe. Junto desse local, Ane e o companheiro plantaram agrião de duas variedades diferentes. “Ele só cresce onde tem água. Este é orgânico, pois nada aqui tem agrotóxico”, garante a aposentada.

Nas terras há também macela, o chá milagroso que ajuda a curar quando colhido na madrugada da Sexta-Feira Santa. “Eu vou colher e guardar para o ano. Sempre é bom, sempre tem quem precisa”, afirma.

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Em meio à antiga pedreira, fragmentos do passado sobrevivem. Uma construção de pedra e barro que era usada pelos trabalhadores da mina permanece erguida, exibindo a memória de um passado que foi quase esquecido. “Foi extraída muita pedra aqui. Hoje o cenário está bem diferente, a mata se recupera sozinha.”

Das fendas da parede de pedra brota água de uma nascente que nunca seca. Um eficiente sistema de captação criado por Ane garante todo o consumo da propriedade e a irrigação das hortas de verduras e morangos. “Aqui não falta água, tudo está irrigado e armazenado. São vários reservatórios com bombas que ajudam a irrigar as plantas”, descreve a proprietária.

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Área verde renasceu após um pedido do pai: “Preserve”

Ane conta que há 24 anos, pouco antes de seu pai falecer, ele chamou-a para uma conversa. “Ele me disse: preserve, que isto terá valor um dia”, repete, emocionada.

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Desde então, Ane tem trabalhado para mostrar que um mundo melhor é possível. “As pessoas acham que eu sou muito radical, mas não é isso. Todos terão que repensar seus hábitos para uma vida melhor daqui para a frente”, sentencia.

Nas terras, ela planta tudo o que precisa e o suficiente para vender na feira orgânica de Santa Cruz do Sul. Couve, couve-flor, agrião, cenouras, beterrabas, alface e moranguinho. “É um cultivo que é certificado e livre de agrotóxicos e fertilizantes. Quem quer experimentar pode nos procurar na feira orgânica.”

O sonho de Ane é ver preservado tudo isso que voltou a ser verde. “Enquanto eu estiver viva, ninguém mexe nisso aqui. Porém, a gente não fica para sempre.” A aposentada ficaria tranquila se o poder público ou a iniciativa privada demonstrassem interesse de ajudar a transformar as terras de Linha João Alves em um parque ambiental ou uma reserva de preservação permanente.

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Aos poucos, Ane Schweickardt cria meios para abrir a área à visitação. Um dos planos é reformar o antigo quiosque da pedreira como um ponto de apoio para quem quiser passar um dia de campo nas suas terras. Também há possibilidade de fazer trilha e descobrir os encantos da natureza que se recompõe. “Quem quiser, pode nos visitar. Serão todos bem-vindos.”

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