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FOTOS: o Catar no centro das atenções

Com estádios já prontos para a Copa, obras atuais melhoram logística

Dentro de um mês, no dia 20 de novembro, será dado o pontapé inicial da primeira partida da Copa do Mundo de 2022. Mas em Doha, a capital do Catar, país que sediará a competição, é como se o evento já tivesse começado. É o que descreve para a Gazeta do Sul o santa-cruzense Felipe Krause, de 37 anos, que reside naquela cidade desde janeiro de 2020. Por lá, na condição de gerente de um restaurante internacional, testemunhou os preparativos.

Krause comenta que Doha está toda enfeitada, pronta para receber os visitantes. Com 1 milhão de habitantes (num país de 2,7 milhões de habitantes, pequeno, mas riquíssimo o território avançado para dentro do Golfo Pérsico), a cidade será destino das 32 seleções que disputarão a taça, além de milhares de torcedores, os quais se dirigirão até lá nas próximas semanas.

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Em entrevista para a Gazeta do Sul, Krause detalha a expectativa local para o evento, e compartilha informações para todos, tanto os que pretendem viajar ao Catar e acompanhar os jogos (e, claro, torcer pela Seleção brasileira) quanto aqueles que estão curiosos por saber mais sobre a sede da Copa e seu povo.

O grande evento

O mundo todo já se volta para o Catar. E é como se todos os povos, todas as etnias, com aspirações, decidissem, por um mês, entre 20 de novembro e 18 de dezembro, direcionar as atenções para um mesmo epicentro. Nesta derradeira data da Copa do Mundo, claro, os brasileiros sonham em ver a seleção em campo, na disputa pela taça, que seria a sexta com a marca da camisa Canarinho.

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Em Doha, a capital do Catar, onde a grande final será disputada, um santa-cruzense trabalha há quase três anos. E de lá transmite à Gazeta do Sul impressões e expectativas por, em poucas semanas, ver a cidade acolher a comitiva da Seleção Brasileira, comandada por Adenor Bacchi, de 61 anos, o mestre Tite, gaúcho de Caxias do Sul.

A Copa do Mundo do Catar promoverá, de fato, uma hiper concentração de energias e interesses em um espaço restrito. Aquele país do Golfo Pérsico tem área de 11,5 mil quilômetros quadrados. Para efeitos de comparação, basta referir que isso é praticamente o equivalente à região metropolitana de Porto Alegre, que possui em torno de 10 mil quilômetros quadrados. Neste ambiente, ficam os oito estádios que sediarão os jogos dos oito grupos, com as 32 seleções. Todas, claro, mentalizando entrar em campo no dia 18 de dezembro no Lusail Stadium, o palco da grande final.

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Já familiarizado com a rotina e com a infraestrutura de Doha, e tendo visitado outras regiões do Catar, Krause, cujo pai, André, segue residindo em Santa Cruz do Sul, informa que os turistas que pretendem curtir a Copa ao vivo enfrentarão, sem dúvida, um alto custo de vida durante aquelas semanas. Em alimentação, bebida e hospedagem, os preços costumam ser elevados. Um rial catariano, a moeda nacional, equivale, na cotação, a cerca de R$ 1,50. Mas não se trata só da conversão em si; e sim do valor dos produtos ou serviços em realidade do Golfo, terra em que tudo se mede pelas fortunas geradas pelo petróleo.

Menos mal, como observa Felipe, que o transporte em metrô, durante a Copa, deve ser gratuito para todos os que possuírem ingresso para os jogos. Estes ainda verão uma cidade muito enfeitada. “Por aqui já há muitas decorações para a Copa, estão investindo muito nisso. A cidade está mais bonita”, frisa. Conforme ele, desde o início deste ano havia obras em muitas ruas. “Era bem caótico, até nos bairros. Ainda tem muita construção, até porque Doha é uma cidade muito nova, mas está chegando perto de estar tudo concluído. No que diz respeito a estádios, isso já está tudo pronto para o início.”

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Arhbo é a segunda música oficial da Copa do Mundo do Catar

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Krause frisa que o fato de receber tantas seleções, em área relativamente pequena, provocará alterações no trânsito, e na logística. “Vai mudar muito sim. Aqui tem o que eles chamam de Corniche, parte que fica próximo ao mar, onde não vão poder circular carros, será reservado só para pedestres”, ressalta. “Estão aumentando muito a quantidade de linhas de metrô, e de trens para acessar o metrô. E, em relação a horários, o metrô normalmente fecha por volta de 22h30, 23 horas. E, aparentemente, durante a Copa vai ficar aberto até as duas da manhã”.

Em Doha, a Seleção Brasileira ficará concentrada no The Westin Doha Hotel & Spa, estabelecimento cinco estrelas, a cerca de 20 minutos do aeroporto, e, além disso, próximo de tudo. De lá, a comitiva sairá para os compromissos em campo, alimentando o sonho do hexa.

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Antes de se mudar para o Catar, ao ter aceitado convite para atuar como gerente em restaurante, Felipe morou por 14 anos em Londres, onde já trabalhara em restaurante pertencente ao mesmo proprietário da rede em Doha. Comenta que está fora do Brasil há quase 18 anos, e que agora cogita retornar muito em breve. Na entrevista abaixo, menciona hábitos, costumes e características do país que, dentro de poucos dias, receberá os torcedores para a Copa. Que, aliás, no Catar, parece já ter começado.

Entrevista

  • Gazeta do Sul – O senhor pode nos contar um pouco da sua rotina em Doha. Como está o clima visando a Copa?
    Felipe Krause – Atuo como gerente de um restaurante chamado Maya, mexicano, que faz parte do Kempinski Residences & Suites Doha. Estou aqui desde janeiro de 2020. Estamos confiantes de que o período da Copa vai ser o tempo mais movimentado do restaurante, até porque estamos fazendo bom marketing direcionado a mexicanos, focando muito neles.
  • O evento fará com que o ambiente local mude bastante?
    Muitos trabalhadores governamentais vão atuar de casa durante a Copa, para evitar tráfego e tumulto. Para quem está na recepção a visitantes, caso de restaurantes, aumenta a carga horária. A gente só abre para jantar, e agora vai abrir para almoço e jantar. Ao invés de fechar à meia-noite, vamos até as duas da manhã.
  • Já se percebe muitos estrangeiros em Doha em função da Copa? Em que medida já há movimento na cidade?
    Um mês antes, ainda não tem muitos turistas. A cidade é formada em 70% por estrangeiros, mas que são residentes e aqui trabalham. Os que virão para cá, virão mais em cima da Copa mesmo. Não tem muitos turistas agora, mas vai ter muita gente sim. Os ingressos da Copa esgotaram, tem pouquíssima coisa ainda disponível, e a cidade vai praticamente parar para a Copa do Mundo, não vai fazer mais nada. Vai ser completamente focada na Copa.
  • O senhor pretende ir a jogos? E a que distância reside e trabalha dos estádios?
    Me determinei a ser voluntário na Copa, e consegui ser selecionado. Vou trabalhar na parte de mídia, com jornalistas e fotógrafos. Provavelmente não vou conciliar com meu trabalho. Então, não vou conseguir muito trabalho voluntário. Comprei três ingressos, vou aos três primeiros jogos do Brasil. Claro, se conseguir pegar um pouco de folga do trabalho. Doha, aliás, o Catar todo, não é muito grande, mas tem dois ou três estádios que ficam um pouco longe. Isso, a meu ver, pode dar um pouco de trabalho para chegar nos estádios, porque não tem transporte público para lá. Mas estão disponibilizando muitos ônibus, e normalmente de graça.
  • Os estádios ficam próximos? Como é a logística de deslocamentos num país pequeno que concentrará 32 seleções?
    Tem estádios, sim, que são bem próximos, mas há alguns meio longe. O metrô aqui funciona bem. Não vi problemas até agora. Uso diariamente e acho tranquilo, e não é caro. Pelo que sei, na Copa vai ser de graça para todos que têm ingresso.
  • Tem muitos brasileiros na cidade, ou trabalhando aí?
    Não vejo muito turista. Brasileiros tem bastante sim. Tem uma comunidade brasileira. Não conheço muitos; acabo trabalhando bastante e vai um ou outro ao restaurante, mas não convivo com eles.
  • Comércio e serviços estão preparados para tanto público?
    Vejo como um pouquinho desorganizado na parte de restaurantes. Tem pouca mão de obra. Falta muita gente, e há muitos por chegar. É uma burocracia grande para trazer, em visto e tudo mais; é bem complicado. Achei que era só no nosso restaurante, e no hotel, mas está assim por todo lado. Converso com gente de restaurantes e hotéis e tem estado assim, todo mundo sofrendo com o mesmo problema. Eles estão trazendo cruzeiros para ficarem atracados no porto, como hotéis. Ao invés de construir hotéis, estão trazendo cruzeiros. Pelo que sei, é muito caro, não tenho ideia de preço.
  • De onde são oriundos a maioria dos trabalhadores de Doha e do Catar? Há muitos estrangeiros no mercado de trabalho?
    Quando vim para cá, havia 70% de estrangeiros. Agora não sei como está. A maioria vem do sul da Ásia. Tem muita gente das Filipinas, do Sri Lanka, de Bangladesh, da Índia, do Nepal…
  • Além dos jogo em si, quem for à Copa, o que não deve deixar de ver, conferir, em termos de turismo?
    Doha é bem pequena. É uma cidade bem tranquila. Há muito transporte público, quanto a isso não tem problema, mas não leva para muitos lugares. Dos pontos turísticos, para alguns tem, para outros não. Há dois museus muito bonitos, o Islâmico e o Nacional, com estrutura, arquitetura muito bonita. Vale a pena ir. Era de graça até então para quem reside aqui, mas vi divulgarem que agora custa 100 qatari rials. Ou seja, fica na faixa de R$ 140,00 para entrar no museu.
  • Quanto a costumes, o que se deve evitar, o que pode e o que não se pode fazer em público, em hotel e outros espaços?
    Não é tão ruim quanto se pensa. Quem vem de fora fica um pouco assustado, mas não é nada de mais. É só respeitar um pouco que não vai ter dor de cabeça. Não pode beijar na rua, não pode tomar álcool na rua.. Em lugar nenhum na verdade. Há os hotéis internacionais, Hilton, Marriot… Dentro deles tem bar, discoteca e tudo mais. Lá é como se fosse em qualquer outro lugar do mundo, você faz o que quer. Na rua, pode andar de mão dada, mas não pode ter saia muito curta, tem de ser tudo meio regulado. Mas eu estou aqui há três anos e não tive nenhum problema, não vi nada de tão complicado de seguir.
  • Como está o custo de vida por aí? Para um brasileiro, será uma Copa que pesará muito no bolso? O que é mais caro?
    No meu caso, enquanto funcionário, o contrato prevê que é tudo pago pela empresa. Além do salário, disponibilizam casa, transporte, luz, água, tudo pago pela empresa. Não tem gasto nenhum. Há pessoas que são autônomas, e elas têm de pagar seu próprio aluguel e tudo mais. Tenho uma amiga, fotógrafa, que faz ensaios e divide uma casa. São quatro quartos, e só o dela custa 4 mil rials. São R$ 6 mil, o que acho absurdo.
    Hotéis, se acha de R$ 150,00 a R$ 15 mil, dependendo do que se quer. Acho tudo muito caro. Uma cerveja long neck num bar dentro de um hotel custa na faixa de 50 rials, ou R$ 75,00. Um McDonalds, paga-se R$ 40,00 por uma refeição completa. Eu comprei o ingresso mais barato da Copa a 40 qatari rials, R$ 60,00, mas o segundo mais barato era 250 rials, que dá uns R$ 375,00, o que também já acho muito caro.
  • Doha é uma cidade que convida a caminhar?
    Eu gosto de caminhar em Doha, mas o problema é o calor. No verão, é impossível caminhar durante o dia, e à noite é muito úmido. No verão, a sensação térmica chega a 56, 57, 58 graus; o termômetro bate em 54, 55. No inverno melhora bastante.
  • O senhor já conhece outras regiões do Catar ou do entorno?
    Visitei o Norte e o Sul do Catar, em viagem de um dia. Mas o Catar é praticamente Doha, não tem muito o que ver fora daqui.
  • Como será o consumo de bebida alcoólica ou alimentos durante a Copa? Haverá flexibilização de regras para estrangeiros?
    Pelo que li, em relação a bebida alcoólica, durante a Copa, num lugar chamado fan zone vai ser disponibilizada. Nesses lugar vai ter sim.
  • O que quem for a Doha não deve deixar de provar?
    Doha tem bastante coisa para comer, principalmente os doces. Eu não sou muito fã da comida daqui, mas eles têm muita coisa para provar. O Karak, o chá deles, por exemplo. Para mim é muito doce, põem muito açúcar. Uma coisa de que o catari gosta é comida doce. É tudo muito doce, açúcar para tudo quanto é lado.
  • Como é o conhecimento do Catar em relação ao Brasil? E por quem devem torcer na Copa? O Brasil terá torcida por aí?
    Em relação à receptividade dos cataris, por causa da cabeça deles, não se misturam com estrangeiros. Tenho amigos cataris, já fui jogar futebol com eles, já me convidaram para almoçar ou jantar na casa deles. Fui super bem recebido, te tratam como rei, bem interessante. Mas são raros os momentos em que se vai ter interação com eles. Ficam entre eles, e, no resto do Catar, os estrangeiros que se virem. Por aqui, eles gostam, sim, do povo brasileiro. E o pessoal do sul da Ásia torce muito para Brasil ou Argentina.
  • E qual tua expectativa quanto ao desempenho do Brasil na Copa?
    A gente já não acredita mais tanto quanto acreditava antes… Mas é claro que a gente vai torcer. Só não sei até onde vai…

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