Após uma hora de caminhada até os arredores da cidade, avisto os bem guardados portões de Istana Nurul Iman, que em malaio significa Palácio da Luz da Fé. É o maior palácio residencial do mundo, com 200 mil metros quadrados, mais de 1.700 quartos, 257 banheiros e pelo menos 2.500 veículos nas garagens, incluindo cerca de 500 Rolls-Royces, centenas de Ferraris, algumas raríssimas, e vários carros de Fórmula 1. O sultão tem 12 filhos com suas três esposas.
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Além da extravagância explícita, o monarca se envolveu em vários episódios bastante controversos. No mais recente, em 2019, liderou a iniciativa que oficializou a pena de morte por apedrejamento para mulheres adúlteras e homossexuais. Seguiram-se movimentos mundiais de boicote às empresas de propriedade do Sultão, que incluem redes mundiais de hotéis, companhias aéreas e bancos de investimento.
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Casualmente, conheci os outros países que ainda resistem como monarquias absolutas: Emirados Árabes Unidos, Omã, Catar e Arábia Saudita. Em comum, destacam-se a abundância de petrodólares, o relativo bem-estar e entretenimento oferecidos à população nativa, e a lei islâmica (Shariah) aplicada em processos criminais.
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No nível pessoal, senti alto grau de conformismo e estagnação cultural. Nas conversas em que mencionei sutilmente política ou liberdade de expressão, a resposta é sempre a mesma: o silêncio.
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A estabilidade pode ser má conselheira, e o pensamento livre brota mais facilmente na escassez e na crise. De forma darwiniana, a evolução pessoal quase sempre precisa de uma ajuda externa. A equilibrada busca por estabilidade, em situações por vezes adversas e conflitantes, é que em geral nos torna pessoas melhores.
O futuro dirá se, e por quanto tempo, esses e outros regimes não democráticos poderão ser mantidos de forma sustentável. Pessoas e grupos muitas vezes preferem sacrificar sua liberdade por uma esperança de segurança física e econômica. Fora de ilhas de abundante riqueza como essas monarquias, o resultado tende a ser desastroso.
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