Rio Pardo

FOTOS: água baixa e revela cenário devastador no Balneário Porto Ferreira

Entre os vários locais onde houve registro de enchentes na região, o Balneário Porto Ferreira, em Rio Pardo, foi um dos mais afetados. Na manhã dessa terça-feira, 11, a Gazeta do Sul esteve lá e viu de perto uma situação de quase completa devastação, com danos severos nas ruas, residências e áreas de uso comum, bem como na vegetação e no próprio Rio Jacuí.

No local é comum, após enchentes, buscar-se nas paredes externas as marcas para ter noção de onde a água chegou. Desta vez, no entanto, não há essa referência porque o nível ultrapassou os telhados de quase todas as construções existentes, mesmo as que possuem dois andares. Muitas delas, entretanto, nem ficaram em pé. Em algumas casas cujo segundo pavimento era feito de madeira, a estrutura foi arrancada inteira e levada pela enxurrada até se chocar contra árvores ou outras moradias.

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Nas ruas ainda cobertas de lama, pilhas de entulho acumulam-se à espera de recolhimento. Nelas estão móveis, colchões, eletrodomésticos, utensílios de cozinha, tijolos, telhas, grades e muitos outros materiais já retirados pelos proprietários e que agora estão inúteis, apenas aguardando o descarte correto. O cheiro forte indica que as tentativas de restaurar os pertences provavelmente serão em vão, e quem tiver interesse de recuperar a residência terá de investir em itens novos. 

Alguns pontos tradicionais deixaram de existir ou mudaram drasticamente. Um deles é a rampa onde os barcos eram colocados na água. A areia trazida pela enchente cobriu toda a estrutura e não é possível avaliar o que restou dela. O mesmo ocorre com os deques das casas situadas nas margens do rio e as plataformas flutuantes usadas como atracadouro para os barcos. Já um dos pontos mais conhecidos, o restaurante Carijó está lá, ainda que muito danificado. A vegetação, da mesma forma, não suportou as várias semanas embaixo d’água e está morrendo aos poucos.

Telhados inteiros foram arrancados e levados pela força da água até se chocarem com outras construções
Móveis e entulho se acumulam em frente às casas. Enquanto isso, moradores tentam recuperar os imóveis

Alguns moradores já começaram a limpeza das residências e terrenos, mas encontram dificuldades com a falta de energia elétrica e água em algumas áreas do balneário. Em outras, os atoleiros e a vegetação obstruindo as vias impedem a circulação dos veículos e retardam o trabalho. Além dos lava-jatos, os sons mais comuns são as pás, enxadas, picaretas, marretas e motosserras empregadas para cortar galhos, móveis e colocar os entulhos nas ruas até que sejam retirados pelo poder público.

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Cheia incomum e sem precedentes

As cheias do Rio Jacuí são comuns e ocorrem com certa regularidade ao longo dos anos. Diante disso, os proprietários das residências no Porto Ferreira já estão acostumados com a rotina de mover os pertences e limpar os cômodos após a água baixar. Desta vez, contudo, o rio chegou a 18 metros acima do nível normal e inundou áreas que, até então, eram consideradas protegidas das enchentes.

Dono de uma casa no balneário há 33 anos, o aposentado Roque Helfer, 58, dedicou os últimos dias à limpeza do imóvel e do terreno. Mesmo tendo passado por várias situações semelhantes, ele diz que nada se compara ao ocorrido neste ano. “Isso aqui não foi uma enchente, foi uma catástrofe da natureza e esperamos que nunca mais aconteça.” A casa dele, que até então nunca tinha recebido mais de 1,5 metro de água no primeiro piso, foi totalmente submersa. Helfer pretende recuperar a estrutura, mas o futuro é incerto. “O Porto Ferreira ou você ama ou odeia. Eu sou dos que amam, mas já estou na divisa.”

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Já o também aposentado Roque Daniel Mossmann, 63, pede mais ação do poder público. Ainda sem energia, ele precisou de um gerador para fazer a limpeza da casa, que também ficou submersa. “Quando eu via as fotos aéreas, pensava que o telhado tinha ido embora. No fim, a casa ficou intacta, mas dentro não deu para salvar nada.” Mossmann entende que a Prefeitura poderia ter ido ao local para, pelo menos, recolher os entulhos. “Até agora não vieram, mas para cobrar os impostos nunca se atrasam.”

Mossmann pede agilidade da Prefeitura | Foto: Alencar da Rosa

Prioridades

A Prefeitura de Rio Pardo informou que tem trabalhado de forma incessante nos últimos 40 dias para buscar a reestruturação do município, mas isso não será rápido. Com dez bairros afetados pela enchente na zona urbana, além de localidades no interior, mais de 14 mil pessoas e 3,6 mil residências foram atingidas. Diante disso, a prioridade são as áreas mais populosas e com maior número de moradias. Até o momento, mais de 5 mil toneladas de entulhos resultantes das enchentes já foram recolhidas.

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Iuri Fardin

Iuri Fardin é jornalista da editoria Geral da Gazeta do Sul e participa três vezes por semana do programa Deixa que eu chuto, da Rádio Gazeta FM 107,9. Pontualmente, também colabora nas publicações da Editora Gazeta.

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