Por Marisa Lorenzoni
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Pintar, para mim, é expressar com tintas um sonho.” Assim o artista plástico santa-cruzense Lula Werner define o que a pintura em tela representa para ele. Aos 61 anos, ele conta que suas primeiras pinceladas aconteceram ainda quando era guri, com 14 anos. “Desde muito pequeno, nos primeiros anos escolares, eu já me sentia atraído pelo desenho, pelos traços. E muito antes de pintar, nós precisamos saber desenhar, conhecer proporções, perspectivas.”
Na expectativa de aprimorar sua técnica, depois que concluiu o colégio, Lula foi estudar Belas Artes em Novo Hamburgo, mas conforme conta, percebeu que o ensino era mais voltado para o magistério – e não era isso que ele buscava. Por conta disso, desistiu e voltou para Santa Cruz do Sul, onde começou um trabalho nas áreas de desenho técnico industrial, mecânico e arquitetônico. A experiência, segundo diz, ajudou muito para que aperfeiçoasse sua técnica.
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E sobre a decisão de seguir com a arte, ele afirma que, antes de pensar acerca dos aspectos econômicos e financeiros de uma carreira, priorizou sua vocação. “Eu não tinha uma noção de como seria, simplesmente me deixei guiar pela minha intuição, pela minha vontade, e a arte me pegou de tal maneira que se tornou impossível abandonar.”
No início da carreira artística, sem poder dedicar-se integralmente a ela, Lula trabalhou em empresa do ramo do tabaco, foi gerente de loja de móveis, fundou uma empresa de publicidade e propaganda e, depois, uma de comunicação e marketing. As atividades eram paralelas à pintura e se completavam. Por um bom período, andaram juntas, mas depois, conforme lembra, não foi mais possível. “Quando inicio uma tela, dependendo do tamanho e da técnica, posso levar meses. Não se interrompe um trabalho assim. Nesse período, minha dedicação precisa ser exclusiva”, justifica o artista, que precisou de quatro meses para retratar, com riqueza de detalhes, a Catedral São João Batista. Por isso, ele, que se diz um eterno aprendiz, se dedica hoje exclusivamente à arte e à Associação Espiritualista Aruanda Jesus de Nazaré, em Santa Cruz, onde é o coordenador espiritual e palestrante.
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Eclético, Lula não se limita a um gênero. Afirma que consegue fazer de tudo. “Eu gosto de pintar. Vou do abstrato ao surrealismo. Tenho várias linhas de trabalho e deixo tudo fluir naturalmente. Me sinto livre para fazer aquilo que estou sentindo no momento.” Nos mais de 40 anos dedicados à profissão, o artista já participou de 18 exposições individuais e 37 coletivas. E é da primeira individual, em 1982, que ele tem uma recordação significativa: foi durante essa mostra que vendeu sua primeira tela. “Me senti realizado e com mais ânimo para seguir em frente. Naquele momento, percebi que estava mesmo no caminho certo. Quando alguém adquire uma tela tua é porque o teu trabalho está ficando interessante”, relembra.
E neste último ano, em que o mundo precisou se adaptar a uma nova realidade, Lula seguiu em franca produção, principalmente atendendo a diversas encomendas de clientes. Muito espiritualizado, ele alega que o ano foi de introspecção, fato que estimula a inspiração do artista. “Toquei a vida da forma mais tranquila possível. Foi um ano muito produtivo, inclusive comercialmente. Neste período, muitas pessoas tiveram mais tempo pra si, para cuidar e investir em seus lares e, com isso, a procura por minhas telas cresceu significativamente.”
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