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Fotógrafa enaltece legado de Lya Luft com exposição no Memorial da Unisc

A mostra apresenta 42 imagens de Lya Luft capturadas pela fotógrafa Dulce Helfer

O Memorial da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) sedia até segunda-feira, 23, a exposição “Pensar é Transgredir”, uma homenagem à escritora Lya Luft, ícone da literatura brasileira e natural de Santa Cruz do Sul. A mostra apresenta 42 imagens capturadas pela fotógrafa Dulce Helfer, também santa-cruzense, que compartilhou com Lya amizade de mais de três décadas.

Dulce, que acumulou 30 prêmios em sua carreira, tem em seu portfólio registros de grandes artistas, como Mario Quintana e Belchior. Contudo, a exposição atual é particularmente especial. “Esse projeto retrata o cotidiano de alguém com quem compartilhei tantos momentos significativos. Conheci a Lya em 1985, em Porto Alegre, e mesmo que nossa relação tenha começado de maneira casual, ela se tornou parte importante da minha vida ao longo de 35 anos”, conta a fotógrafa.

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Lya Luft faleceu em dezembro de 2021, aos 83 anos, mas deixou marca definitiva na literatura e na vida de Dulce. “Nos últimos anos, ela morava na Avenida Nilo Peçanha e eu na Cidade Baixa, em Porto Alegre. Frequentemente nos encontrávamos em eventos de cultura, shows ou no Theatro São Pedro. Ela sempre me convidava para tomar um café em sua casa. Às vezes, eu ia, mas não tínhamos relação tão próxima quanto a que tive com o Mario Quintana. Apesar disso, nossa amizade foi construída entre idas e vindas, encontros e conversas, que somaram mais de 30 anos.”

A exposição também carrega inovação técnica. “Desta vez, optei por fazer as fotos em papel reciclado, algo inédito para mim e, pelo que sei, raro entre fotógrafos. É um desafio encontrar quem faça a impressão nesse material, mas o resultado é algo de que me orgulho.” Dulce acredita que Lya também aprovaria. “Tenho certeza de que ela estaria orgulhosa. Foi um tributo à altura, com imagens e um de seus poemas.” A exposição também deve ser levada para o Theatro São Pedro, na capital.

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Dulce recorda, com carinho e emoção, um episódio marcante. A Casa das Artes Regina Simonis, em Santa Cruz, tentou homenagear Lya em vida, pouco após a morte de seu filho André. “Lya recusou, disse que viajaria para o exterior. Quando falei com ela, insisti: ‘Lya, tu tens que vir!’. E ela respondeu: ‘Dulce, vem na minha casa quando quiser, mas para todos eu digo que estou indo viajar. Não quero mais ver gente, não quero mais sair. Vida social para mim acabou.’ Hoje entendo que não era sobre enganar ou mentir. Era apenas o cansaço, a falta de ânimo.”

Agora, de volta a Santa Cruz, Dulce tem se reconectado com suas raízes. “Voltei a morar aqui e faço várias coisas, como um trabalho com o pessoal do cinema da Unisc em um documentário. É bom estar entre amigos e redescobrir os espaços que fazem parte da minha história e da de Lya.”

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Lya Luft deixou legado na literatura brasileira

A escritora Lya Luft faleceu em 30 de dezembro de 2021, aos 83 anos, em sua casa, em Porto Alegre. Lya enfrentava um câncer de pele em metástase. Reconhecida como uma das grandes vozes da literatura brasileira contemporânea, sua trajetória abrangeu uma produção diversa e impactante, com cerca de 30 livros publicados.

Romancista, cronista, ensaísta e poeta, Lya estreou na literatura com Canções de limiar (1964). Outros títulos marcantes são A asa esquerda do anjo (1981) e Perdas e ganhos (2003), este último um best-seller que ultrapassou 600 mil exemplares vendidos. Sua obra ganhou o mundo, com traduções para inglês, alemão, espanhol, francês e italiano.

Lya faleceu em 30 de dezembro de 2021

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Dulce Helfer já fez dezenas de exposições | Foto: Rafaelly Machado/Banco de Imagens

Além de escritora, Lya foi uma tradutora de destaque. Ela verteu para o português textos de grandes nomes da literatura mundial, como Virginia Woolf, Rainer Maria Rilke, Doris Lessing e Thomas Mann. Sua sensibilidade literária tornou-a referência também na imprensa. Foi a primeira mulher a assinar uma coluna na revista Veja, em 2004.

Para saber

Dulce Helfer também atuou na Secretaria de Cultura do Rio Grande do Sul até 1990, onde participou, com os escritores Tabajara Ruas e Carlos Urbim, do jornal cultural O Continente. Fez dezenas de exposições individuais e coletivas e recebeu prêmios, entre eles três internacionais da Sociedad Interamericana de Prensa. Também fotografou com exclusividade para artistas como Roberto Carlos e Fernanda Montenegro, entre outros.

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