Já é comum. Quase todos os dias, a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Santa Cruz registra ocorrências de vítimas do “golpe dos nudes”, que também é chamado de “golpe do falso policial”. O estelionato consiste, inicialmente, no envio de solicitações de amizade por redes sociais de supostas mulheres jovens e atraentes para homens.

Num segundo momento, são compartilhadas fotos íntimas. A vítima, então, passa a receber ligações dos supostos pais da menina ou de falsos policiais civis. Estes o acusam de pedofilia, sob a alegação de que as imagens são de uma criança ou adolescente. Na extorsão, os “familiares” exigem valores para não denunciar a vítima à polícia ou, identificando-se como delegados, para arquivar os supostos inquéritos.

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Acontece que, na maioria das tentativas de golpe no Rio Grande do Sul, a imagem que aparece de forma falsa para as vítimas é de um delegado de Santa Cruz. Trata-se de Róbinson Palomínio, que é titular da DPPA e também responde pela Delegacia de Polícia de Encruzilhada do Sul. “A minha foto é uma das mais usadas no Estado, junto com a de um outro colega, delegado regional de Caxias do Sul”, detalhou.

Na terça-feira, a Gazeta do Sul flagrou quando um morador de Vera Cruz chegava na delegacia para registrar a tentativa de golpe. O homem mostrou o perfil no WhatsApp, em que constava uma foto do delegado Róbinson (registrada para uma matéria do Gaz de 2022 escrita pelo jornalista Guilherme Bica), com o estelionatário afirmando ser um delegado de nome Fernando.

Nesse caso, o morador de Vera Cruz sequer registrou a ocorrência, pois foi alertado pelos escrivães da DPPA que se tratava de golpe. “Muitas vítimas colocam a foto no Google, que reconhece a imagem, identificam meu nome até em notícias do Portal Gaz e me mandam mensagens pelas redes sociais questionando se sou delegado da delegacia da criança e adolescente, como muitos golpistas afirmam”, contou Róbinson.

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Segundo ele, ainda na semana passada, em cumprimento de mandados da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Gravataí, na Região Metropolitana, sua imagem também apareceu no celular de um dos investigados presos.

Dicas

O golpe dos nudes é conhecido por ser um dos estelionatos mais devastadores. Os criminosos agem na questão financeira, extorquindo as vítimas, mas também no emocional, argumentando que vão expor as fotos íntimas em público e para as famílias. Há registros de casos de suicídio de homens que não aguentaram a pressão psicológica. Embora agressivo, o golpe pode ser facilmente descoberto com apenas algumas poucas averiguações.

“Jamais um policial civil ou militar vai entrar em contato afirmando que existe uma investigação e a pessoa deve pagar um valor para não ser presa. Também não se preocupe, pois a pessoa do outro lado não sabe quem você é. No máximo, o estelionatário conseguiu algum dado em rede social ou outro site”, comentou o delegado Róbinson. “Ainda, não paguem qualquer valor, pois não há risco à vida. É só um golpe, cometido por pessoas que na maioria dos casos estão dentro do sistema prisional. E registre ocorrência policial, seja online ou na delegacia mais próxima.”

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