Quisera eu poder ter vivido o final dos anos 80 e início dos anos 90. Que fase repleta de transições, de mudanças de comportamento, de avanços tecnológicos e momentos ímpares que moldaram a sociedade a partir de então, sobretudo culturalmente. Enfim, não vivi. Não sou da geração Coca-Coca. Nasci nesse período, em 1989. Sou da geração Copa de 94. Foi nessa época, em que eu começava a dar os primeiros passos, que o que mais me chama a atenção na música surgiu.
Bandas como Nirvana, Pearl Jam, Red Hot Chili Peppers, Alice In Chains, Soundgarden, Mudhoney e outras viviam o ápice da criatividade e mexeram com a minha mente, alguns anos mais tarde. Não por acaso, influenciaram meu modo de pensar a partir de ideias sinceras que sempre apresentaram em suas músicas, seja para dizer o bem, seja para dizer o mal.
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Forte Apache e o Espiral. Tive a oportunidade de ouvir em primeira mão a demo desses caras. Em meio a uma cena brasileira onde cada vez mais as composições sinceras perdem espaço para músicas descartáveis e sem um real sentido, o registro dessa banda de Santa Cruz do Sul nos remete a alguns anos atrás, onde as boas canções nos faziam pensar, sentir e representavam alguns dos nossos maiores sentimentos – que, por vezes, só a música podia encontrar.
De peito aberto, a banda produziu e gravou em 2016, no extinto Coletivo Banho Maria, oito músicas que foram guardadas na gaveta. Agora, em 2020, elas vêm a público, em um registro despreocupado. Se o momento é de ficar em casa, colocar para tocar a demo da Forte Apache e o Espiral é quase como estar em um show ao vivo, inimaginável para o período que vivemos.
Uma jam session lo-fi de primeira, do início ao fim. Se você ainda acha que vale ocupar o seu tempo para ouvir uma boa canção, com uma letra de verdade, que nos remete a um passado onde ouvir música tinha outro sentido, o convido a ouvir a demo da Forte Apache o Espiral. Deixo apenas uma recomendação: volume alto.
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