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Pandemia

“Fortalecer a economia local é essencial para sair da crise”, diz presidente do Corede

Foto: Lula Helfer

Petry: “Temos que intensificar cada vez mais o relacionamento e a integração institucional”

A recuperação econômica é um dos dilemas enfrentados no mundo todo neste período de pandemia ocasionada pelo novo coronavírus. Para iluminar algumas questões referentes à região, o presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento Regional do Vale do Rio Pardo (Corede/VRP) e da cooperativa de crédito Sicredi VRP, Heitor Álvaro Petry, fornece um ponto de vista sobre como poderemos superar os desafios impostos pela crise global.

ENTREVISTA
Gazeta do Sul – Como o senhor avalia o desempenho da socioeconomia da região de Santa Cruz do Sul, ou mais especificamente a abrangida pelo Corede, neste período de interrupção nas atividades por conta da pandemia? Como o senhor acha que a região se encontra, nesse processo?
Heitor Petry – Percebemos uma paralisação na economia, principalmente nas atividades urbanas, como comércio e serviços. Uma retração até mesmo pelas restrições sanitárias estabelecidas pelos órgãos públicos. Os micro e pequeno empresários estão ansiosos por desenvolverem os seus negócios, mas há uma preocupação dos setor da Saúde em controlar o avanço da pandemia. No meio rural, a situação é diferente. As atividades têm acontecido de forma mais natural, como atividades de colheita de arroz e soja, por exemplo. É um cenário que temos visto no Vale do Rio Pardo. A comercialização do tabaco sofreu dificuldades pela redução operacional das indústrias, mas o setor vive uma expectativa para a retomada dos negócios.

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Que ações ou que medidas, por exemplo, o Corede tomou, pretende tomar ou pode tomar no sentido de fortalecer e de agrupar os municípios da região a fim de enfrentar melhor esse período?
Estamos envolvidos com o Inova RS, um programa que visa incluir o Rio Grande do Sul no mapa global da inovação a partir da construção de parcerias estratégicas entre a sociedade civil organizada, setores empresarial, acadêmico e governamental, em oito regiões representativas do Estado. O Vale do Rio Pardo está integrado com o do Taquari na região funcional 2. A Unisc e a Univates estão à frente na parte acadêmica, mas as empresas e os órgãos públicos estão juntos. O objetivo é integrar os setores e despertar a região para os projetos de inovação. Estamos na fase de estruturação e, na sequência, vamos evoluir. Apoiamos ainda o programa Observatório do Desenvolvimento Regional (ObservaDR), coordenado pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Unisc. É um espaço para apurar dados, realizar mapeamentos e levantar indicadores para auxiliar em ações neste quadro de pandemia.

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Que papel uma instância como o Corede pode cumprir nesse processo, inclusive como interlocução com outros Coredes ou com outros organismos e instâncias públicas e privadas?
O Corede é um espaço articulador, para desenvolver a região ao integrar os atores públicos e privados, ao promover a discussão e a coordenação de políticas públicas, como a Consulta Popular. Neste sentido, participamos da decisão de canalizar recursos para a Saúde, antes direcionados para a Agricultura, em um valor que supera R$ 500 mil. Concordamos com os demais Coredes que os passivos, recursos de anos anteriores, deveriam ser direcionados aos hospitais. O Hospital Santa Cruz vai receber, referente a 2018/2019, mais de R$ 500 mil. É importante lembrar que vivemos uma estiagem, que assolou o setor produtivo, principalmente nas culturas de tabaco, milho e soja. A pecuária enfrentou o mesmo revés. Muito dinheiro deixou de circular.

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Que valores ou que potenciais, na avaliação do senhor, habilitam essa região do Corede a, de algum modo, contornar, com o menor desgaste socioeconômico possível, esse período?
O Corede procura ser uma instância aglutinadora, participativa e apoiadora da retomada do desenvolvimento econômico. Queremos estar ligados às organizações para discutir estratégias e mitigar os impactos. Nosso valor é a afinidade entre as instituições. Temos que intensificar, cada vez mais, o relacionamento e a integração institucional. Não há grandes divergências e conflitos. Temos boa articulação entre os setores e podemos intensificar o diálogo. Podemos criar força para desenvolver projetos e ações, já que temos setores bem-estruturados na economia. Essa boa relação é fundamental para soluções neste período, em que teremos demissões e desativações de empresas.

Já em relação à Sicredi, o que a cooperativa, e o trabalho em geral de cooperação, pode inspirar à comunidade regional nesse processo?
Estamos envolvidos com a questão da economia no nível local. O foco da cooperativa agora é ser parceira dos associados, tanto rurais como urbanos, para auxiliá-los neste momento desafiador, revendo seus comprometimentos com a cooperativa. Trabalhamos com prorrogações, adequações nas capacidades de pagamento e concessões de crédito. Dessa forma, ao mesmo tempo, podemos ajudar a região com nossa missão de cooperar com o desenvolvimento local. O Sicredi doou R$ 350 mil para hospitais da região, que melhoraram a estrutura de atendimento nas UTIs.

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