Nesta época de formaturas, que se inicia por volta de novembro e dezembro, reflito sobre as mudanças que o mundo teve de forma tão intensa e veloz. Nascido em 1960, sou do tempo em que ter um “canudo” era meio caminho andado para garantir o sucesso profissional.
A competitividade que permeia todos os segmentos de atividade exige um refinado cabedal de atributos para conquistar, senão o sucesso absoluto, ao menos um lugar ao sol no mercado de trabalho. Especialização, domínio de idiomas, conhecimento de informática e bons contatos compõem o kit básico para entrar na disputa cada vez mais acirrada.
Ao vislumbrar o entusiasmo da gurizada ao arremessar o capelo (aquele chapéu preto com barbicacho que acompanha a tradicional toga) para o alto no encerramento da solenidade de colação de grau, lembro da minha formatura. Isso impede o tradicional sentimento de compaixão que acompanha os velhos como eu.
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– Pobres jovens, como são ingênuos! Acham que o mais difícil já passou. Mas o pior vai começar agora! – costumam pensar os “coroas” como eu.
Procuro evitar generalizações, que sempre são equivocadas. Não importa a geração porque sempre haverá pessoas capacitadas, dedicadas e, é claro, dotadas de algum dom. Outros, com talento mínimo, compensam com muito esforço, fazendo valer o ditado de que, muitas vezes, “quando existe menos inspiração, precisa-se mais transpiração”.
A facilidade de acesso a todo tipo de conteúdo é muito fácil pela onipresença da internet. Nada fica em segredo. Isso também é motivo de igualdade por ser acessível a todos. O diferencial está no uso da rede de contatos, a chamada network que, no meu tempo, chamava-se agenda.
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Conheço muita gente dotada de grande competência profissional, mas que sofre de crônica incapacidade de se relacionar com amigos, conhecidos e colegas de trabalho. São eles que indicarão parceiros para ocupar cargos, cumprir missões e usufruir de empregos promissores.
A entrada no mercado de trabalho exige competência, mas é preciso investir nos relacionamentos. Ótimos cérebros somente terão espaço se forem acompanhados de um temperamento afável que permita conviver em ambiente coletivo ou capaz de inspirar uma indicação para uma vaga.
A formatura é a largada de uma corrida infindável que exige improvisações, aperfeiçoamentos e autocrítica capaz de manter o profissional motivado e sintonizado com as exigências do mercado.
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