Foragido da Justiça, pai de santo é investigado por abusar sexualmente de crianças

Uma investigação traçada em sigilo apurou uma série de ocorrências registradas contra um pai de santo que atua em Vera Cruz. A Polícia Civil não revela o nome do investigado, mas a Gazeta do Sul apurou que as acusações recaem sobre o babalorixá Luís Carlos Soares, de 62 anos, proprietário de um centro religioso que fica no Bairro Araçá.

Detalhes do inquérito foram apurados com exclusividade pela Gazeta e revelaram uma sequência de denúncias de mães de meninas que frequentavam o local. Elas afirmam que as filhas foram vítimas do suspeito. Pelo menos três crianças teriam sido abusadas sexualmente. Em uma das ocorrências, registrada no dia 25 de março, uma mulher de 31 anos, mãe de uma criança de 10, relatou que Luís Carlos Soares abusou sexualmente da menina algumas vezes.

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Estes fatos estariam acontecendo há mais de um ano. Disse ainda que a criança já havia apresentado comportamento estranho, observado pela família, e que ela buscou de forma espontânea a mãe para falar. Após o fato, uma amiga da mãe da menina, de 30 anos, também relatou para ela que o mesmo pai de santo havia abusado de sua filha de 8 anos. Disse ainda que a criança havia demorado a contar sobre o abuso para a mãe por ter medo de que o religioso pudesse fazer algo de ruim à família.

A mulher falou também que demorou a registrar a ocorrência, pois estava assimilando os fatos. Ao longo da investigação, em razão dos indícios de delito, um mandado de prisão preventiva contra Luís Carlos Soares foi expedido pela juíza Fernanda Rezende Spenner, titular da Comarca de Vera Cruz, nessa quinta-feira, 13. Naquela noite, os investigadores foram até o centro religioso, mas o suspeito não foi localizado.

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Nessa sexta-feira, por volta de 14h30, o advogado do homem entrou em contato com a Delegacia de Polícia de Vera Cruz e afirmou que não iria apresentar o cliente, mesmo após solicitação da delegada Lisandra de Castro de Carvalho. Atualmente, o pai de santo, acusado do crime de estupro de vulnerável, é considerado foragido da Justiça. Os nomes das vítimas e das mães foram mantidos em sigilo em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

“Imaginamos que deve haver mais vítimas”, diz delegada

A Gazeta do Sul conversou com a delegada Lisandra de Castro de Carvalho. Ela afirmou que podem existir mais vítimas. “O autor é um pai de santo que, valendo-se da confiança estabelecida pela religião, aproveitava-se enquanto as mães estavam nas cerimônias, seduzia as crianças desprotegidas e desamparadas e abusava delas.”

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A delegada preferiu não revelar detalhes sobre quais ações o homem teria cometido contra as meninas. Segundo Lisandra, uma criança se recusou a acompanhar a mãe na sessão, e a mulher não entendia o porquê. “A menina acabou revelando que, quando estava sozinha com o suspeito, ele abusou sexualmente dela. De uma das vítimas, os fatos aconteceriam há pelo menos três anos”, salientou a responsável pela DP de Vera Cruz.

“Imaginamos que deve haver mais vítimas que foram abusadas. Esperamos que outras mães possam ser incentivadas a procurar a delegacia, pois sabemos que o suspeito usa da religião e do medo para desestimular a busca pela polícia”, complementou.