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Fora de pauta: um nome na história

Quem já visitou municípios do Vale do Sinos, da Serra Gaúcha, qualquer região para aqueles lados, pode – ou não – ter percebido ruas e avenidas chamadas João Corrêa. Tem em Sapiranga, Novo Hamburgo, Montenegro… Em Canela tem até uma praça com esse nome. Quando me dei conta disso, fiquei curiosa e não hesitei em perguntar ao Google “Quem foi João Corrêa?”. Eu queria uma resposta que sabia que não viria, mas supliquei em pensamento.

Como já imaginava, o buscador me contou sobre João Corrêa, um empresário do início do século 20. O homem nasceu em Santa Maria e era aquariano, pelo que se sabe. Deixou um grande legado de obras e ideias, tendo construído uma estrada de ferro entre Taquara e Canela, cidade esta que ele fundou. O sonho dele era tornar a Serra Gaúcha um polo turístico. Em resumo, é isso. Talvez a história desse grande gaúcho tenha mais feitos, dos quais não me recordei neste momento de escrita.

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Aqui no meu mundinho, eu conheci outro João Corrêa que teve seu nome eternizado na história, o meu avô. Eu não sei bem sobre a história dele, peço perdão por isso. O que eu sei é que nasceu no interior de Candelária; no pouco tempo em que frequentou a escola, escrevia em uma lousinha, que precisava apagar com frequência, já que não tinha cadernos; trabalhou carregando arroz, foi frentista e zelador de escola; era feliz, adorava contar histórias e comer doces.

Ainda que de maneira simples, seu modo de ser influenciou e marcou muito a comunidade de Candelária. Envolveu-se muito no esporte, tanto que foi personagem do livro Riquezas do Nosso Futebol, do colega jornalista Tiago Garcia. Foi um dos fundadores do São Jorge e massagista no Atlético Candelariense.
Por muitos anos, tomou conta da copa do ginásio do Colégio Medianeira e organizou os horários dos jogos de futsal que rolavam lá, à noite. Com isso, tinha uma rotina de acordar às 5 horas e dormir depois da meia-noite. A primeira e a última refeições dele geralmente eram um resto de comida deixado em cima do fogão.

A dedicação dele ao ginásio e à escola como um todo – trabalhou por 22 anos lá também durante o dia, realizando serviços gerais – motivou uma homenagem da equipe diretiva. O espaço foi batizado como Ginásio de Esportes João Corrêa. E dessa vez não tem a ver com aquele homem que fundou Canela etc. É sobre meu avô e tudo que ele representou para uma cidade inteira. Todos, ou quase todos, conheciam o seu João. Ele esteve na cerimônia em que a placa foi descerrada, em junho de 2019. Quatro meses depois, aos 81 anos, morreu. Em breve, essa data trágica para a nossa família completará cinco anos.

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Não acredito que tenha havido qualquer pessoa que não tenha se sensibilizado durante as enchentes ocorridas em abril e maio deste ano no Rio Grande do Sul. Todo mundo conhece alguém que foi diretamente afetado.

Uma emoção diferente, no entanto, tomou conta de mim quando me dei conta de um fato. As famílias que precisaram ser removidas de suas residências em Candelária foram alocadas em um ginásio da cidade. Consegue imaginar qual? Sim, o Ginásio João Corrêa recebeu os desabrigados, bem como voluntários dispostos a ajudar. Foi como se, mais uma vez, ele tivesse estendido a mão a alguém e eu pudesse me orgulhar ainda mais do meu avô.

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