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Fora de pauta: o que mudou?

Quase todo mundo lembra, ou devia lembrar. Faz pouco mais de dez anos, apenas. Os primeiros casos de Influenza A H1N1, então conhecida como gripe suína, surgiram no México, em março de 2009. Era uma nova cepa do vírus da gripe, que afetava somente porcos (por isso o nome), mas passou por uma mutação que a permitiu afetar também os humanos, que não possuíam anticorpos para a patologia que essa variante provocava. Em abril, o governo brasileiro desenvolveu um plano de contingência e em maio a doença chegou ao País.

Em junho, a OMS reconheceu a situação como uma pandemia e, no mesmo mês, uma farmacêutica suíça, a Novartis, anunciou que havia desenvolvido uma vacina contra a gripe A. Em outubro do mesmo ano, a vacinação em massa já estava em andamento nos Estados Unidos. No Brasil, a imunização veio para evitar uma segunda onda, já em março de 2010, mas, ainda assim, menos de um ano depois dos primeiros casos confirmados.


A vacinação, à época, não tinha como foco os idosos; eles lidavam melhor com a nova cepa do vírus do que os jovens, talvez por terem tido contato com outras variantes do H1N1 anteriormente. Então, foram vacinados primeiro profissionais da saúde, doentes crônicos e adultos, com idades entre 20 e 39 anos (a maior parte dos pacientes vítimas de casos graves ou fatais da doença estava nessa faixa etária).

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Em três meses, até junho de 2010, o Brasil tinha vacinado mais de 80 milhões de pessoas e ultrapassado as metas de imunização em vários dos grupos prioritários. Aliás, foi, até aquele momento, o país com maior percentual da população vacinada contra o H1N1 no mundo (graças ao SUS e à internacionalmente reconhecida expertise da nação em estratégias de imunização). E vale dizer que para a gripe A havia tratamento com eficácia comprovada, havia medicamentos que realmente evitavam mortes pela doença e, ainda assim, a adesão à vacinação foi massiva no Brasil. Menos de 11 anos atrás…

A vacina, que tinha eficácia de 70%, serviu para evitar novos surtos a partir de 2010 e foi fundamental para que a pandemia fosse considerada encerrada – o que a OMS confirmou em agosto daquele ano. No Brasil, até então, tinham sido confirmadas 2.173 mortes pela gripe A – 96,5% registradas em 2009.

Eu lembro de viver aquela pandemia e lembro bem que a vacina, embora desenvolvida em três meses, e com eficácia estimada em 70%, foi comemorada e não combatida. Qualquer um, mesmo que não muito otimista, esperaria que tivéssemos evoluído como sociedade em dez anos e estivéssemos, agora, melhor preparados para uma pandemia. A atual, da Covid-19, é muito mais grave. Para esta não há medicamentos eficazes, esta não é uma variante da gripe. Mas será que foi isso o que mudou?

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