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Fora de Pauta: “Esquecer jamais”

No centro de Berlim, capital alemã, em meio aos belíssimos parques e prédios modernos e históricos, está o “Memorial aos judeus assassinados na Europa” (Denkmal für die ermordeten Juden Europas). Inaugurada em 2005, a estrutura, construída em uma área de 19 mil metros quadrados, é constituída por 2.711 blocos de concretos de diferentes tamanhos. 

É como caminhar em um labirinto sombrio de modo que à medida que você avança entre os blocos, não há entrada de luz. A experiência aterradora garante ao visitante experimentar momentaneamente os sentimentos que as vítimas dos nazistas viveram durante o período. Sobretudo, a falta de esperança.
A Alemanha, diferentemente do Brasil, não nega sua história. Em cada rua e esquina de sua principal cidade, há algum marco associado à Segunda Guerra Mundial ou à Guerra Fria, sobretudo relacionado à divisão entre Berlim Ocidental e Oriental. Para além do impacto, foi o modo que o povo alemão encontrou para não cair no esquecimento e evitar que se repita novamente.

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De forma involuntária, o Rio Grande do Sul passou a ter, a partir de 30 de abril de 2024, sua versão do memorial alemão. Não é, contudo, algo elaborado pelas mãos dos homens, embora tenhamos nossa parcela de responsabilidade na sua criação.

E, diferente da estrutura citada, a nossa não está em um único espaço, mas em diferentes cidades. No Vale do Rio Pardo, podemos encontrá-la em diferentes cidades, inclusive em Santa Cruz do Sul. Porém, é ainda mais significativa em Sinimbu, Rio Pardo e Venâncio Aires.

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Não são apenas blocos, embora em muitos casos nem isso restou. São os escombros de lares, escolas, estabelecimentos comerciais e outras edificações que foram totalmente modificadas pela força da água.
Mesmo após oito meses, o equivalente a mais de 240 dias, elas permanecem à vista. A impressão é de que a maior tragédia climática enfrentada pelo Rio Grande do Sul desde 1941 aconteceu há uma semana.
Para muitos, o memorial alemão é um cemitério, um lugar de repouso para as milhares de vítimas que morreram sem direito a um velório apropriado por terem sido enterradas em meio a dezenas de corpos. Por isso, repreendem os turistas inconscientes de que não é um lugar para brincadeiras ou fotos posadas de gratidão, mas um lugar de reflexão e luto.

Me pergunto, qual será o destino desse monumento involuntário da nossa catástrofe? Por quanto tempo ficarão ali? O que podemos aprender com eles? Vamos repetir os mesmos erros na próxima enchente?

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