Dos mais absurdos aos mais ousados e tolos. As redes sociais abriram espaço para todos os tipos de desafios e convites. Já faz algum tempo que a coisa descambou para esse lado. No começo até que havia um sentido aparentemente nobre, como a competição do balde de gelo, na qual celebridades buscavam apoio para pesquisas sobre a esclerose lateral amiotrófica (ELA). Mais recentemente vieram os influenciadores (de que mesmo?!), instigando seus seguidores a fazerem isso ou aquilo em busca de curtidas e engajamento para divulgar marcas e produtos que pagaram pra isso. Na mesma onda, com um apelo mais leve e por vezes engraçado, indivíduos comuns desafiaram amigos a mostrar a foto de infância, da viagem inesquecível ou seja lá o que for. Houve os perigosos, praticados especialmente entre crianças e adolescentes por meio de jogos online.
O fato é que não se trata de um fenômeno novo. Quando não havia interação virtual e pandemia, o almoço de domingo, além de um momento de integração, era ideal para o tio exibir-se com o carro novo, a tia contar sobre a reforma na casa ou revelar como seria a festa de formatura do primeiro graduado da família. Nos tempos em que a vida era presencial e mais real, os desafios se resumiam a provar quem podia mais. Hoje, pelas redes, isso tem outro formato, mas a essência é a mesma: mostrar para o outro que você é capaz disso ou aquilo. É fazer o que alguém me provocou a fazer porque se achou nesse direito. Ok, se não quer é só ignorar e pronto. Ninguém ganha, ninguém perde e a vida segue.
O problema não está em aderir ou não ao desafio online, que às vezes é até engraçado. O problema está em ignorar os desafios da vida real, que não são poucos. Talvez seja uma tentativa de fugir da realidade, mesmo que por alguns instantes. Mas não pode ser uma prioridade. É preciso lembrar que a fatura chega, que há trabalho a ser executado, livro a ser lido ou grama a ser aparada. Lá em casa temos vários desafios. O maior de todos é preparar o filho para lidar com as incertezas do futuro.
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Aos eleitos, o desafio é fazer o que seus antecessores não conseguiram: lidar com orçamentos apertados e, principalmente, desviar das armadilhas e dos jogos de interesse da vida pública. Para eles, a missão não está em revolucionar, mas sim em fazer sua parte honrando a confiança dos eleitores, trabalhando de modo comprometido, conforme os velhos princípios administrativos inscritos no artigo 37 da Constituição Federal, respeitando a legalidade, a impessoalidade, a moralidade, a publicidade e a eficiência em seus atos.
Para nós, simples mortais, o desafio é exercer a cidadania para além do dia do voto e tentar evoluir sempre. No momento, lembrar que é preciso usar máscara e não esquecer de higienizar as mãos já é um bom começo.
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